Zoroastrismo (parte 1 de 2): Adoradores do fogo ou monoteístas?

Por Aisha Stacey (© 2015 IslamReligion.com)

Descrição: Quem é Zoroastro e no que seus seguidores acreditam?

O Zoroastrismo é definido pelo dicionário online Merriam Webster[1] como uma religião persa fundada no século seis AEC pelo profeta Zoroastro, promulgada no Avesta e caracterizada pela adoração de um deus supremo, Ahura Mazda, que requer boas ações para ajudar em sua batalha cósmica contra o espírito mal Ahriman.  Essa é uma definição muito limitada que na verdade nos diz muito pouco sobre o Zoroastrismo ou Zoroastro (também conhecido como Zaratustra).  Façamos uma viagem à religião do Zoroastrismo, descobrindo do que se trata e como se compara à religião do Islã.

Aproximadamente do século 6 AEC até o século 7 EC o Zoroastrismo foi a religião do Império Persa. Entretanto, hoje em dia acredita-se que o número de adeptos seja inferior a 200.000.  A maioria dos zoroastrianos vive na cidade de Mumbai, na Índia, ou próximo a ela, depois de uma migração em massa no século 10 EC.  Acredita-se que o número de zoroastrianos no atual Irã (anteriormente parte do império Persa) seja inferior a 18.000, a maioria vivendo em Teerã, Yazd e Kernan.

O número de zoroastrianos (parsis) na Índia está declinando em aproximadamente 10% por década.  O site canadense Religious Tolerance acredita que seja devido a mobilidade e adaptabilidade zoroastrianas.  “Eles se assimilam e se casam com pessoas de outras culturas, virtualmente desaparecendo em suas culturas adotadas.”[2]

Acredita-se que o Zoroastrismo é conceitualmente e historicamente associado com outras religiões indianas predominantes, como o Hinduísmo, o Jainismo, o Budismo e o Sikhismo.  Em aproximadamente 225 EC o Império sassânida Persa unificou o Zoroastrismo e estabeleceu regras sobre o que era ou não era a religião.  Um alto sacerdote recebeu autoridade só superada pela do próprio imperador e o Zoroastrismo se tornou a religião do estado.  Nessa época conversões eram feitas para combater o zelo missionário cristão na área.[3]

Quem foi Zoroastro?

Zoroastro também é conhecido como Zaratustra, da palavra grega que significa luz.  Os acadêmicos diferem em relação ao seu nascimento.  As estimativas variam de 6350 AEC a 600 AEC e também há discordância significativa em relação ao seu local de nascimento.  As sugestões são tão diversas quanto Irã oriental, Azerbaijão (ao sul do mar Cáspio), Balkh (a capital da Báctria, no atual Afeganistão), Corásmia e Sogdiana no Tajiquistão ou próximo ao mar Aral no Cazaquistão.

Zoroastro nasceu dentro dos limites das fronteiras do Império Persa e seu nome de família era Spitama.  Pregava uma mensagem de batalha cósmica entre Ahura Mazda, o deus da Luz e Ahriman, o príncipe do mal.  Zoroastro ensinava que o fim do mundo viria quando as forças da luz triunfassem e que as almas salvas rejubilariam em sua vitória.[4]

No que os zoroastrianos acreditam?

Zoroastro pregava que só existe um Deus.  Ele é, de acordo com os ensinamentos de Zoroastro, o criador do céu e da terra.  É a fonte de alternância de luz e escuridão, o legislador soberano, originador da ordem moral e juiz de todo o mundo. 

O dualismo do Zoroastrismo é cósmico e moral.  Há a batalha espiritual contínua entre bem e mal, Ahura Mazda versus Arihman, e a batalha moral da mente entre os virtuosos e os pecadores.  O Zoroastrismo vê o mundo como tendo sido criado por Ahura Mazda, mas destinado a evoluir de acordo com a lei ou plano divino, conhecido como Asha.  Asha é o princípio de retidão ou “exatidão” pelo qual todas as coisas são exatamente como devem ser.

Em sua oração mais básica, repetida todos os dias, os zoroastrianos afirmam essa lei de Asha.  Por meio da lei de Asha, os zoroastrianos são guiados por três princípios fundamentais: Humata – bons pensamentos, a intenção ou resolução moral de seguir Asha, a ordem correta das coisas.  Hukhata – boas palavras, a comunicação daquela intenção.  Havarashta – boas ações, a concretização em ações daquela intenção.

Os zoroastrianos acreditam em uma vida após a morte, acreditam que a alma humana é julgada por Deus (Ahura Mazda), e que os que escolherem o bem nessa vida terrena irão para a existência melhor, enquanto aqueles que escolheram o mal vão para a existência pior – paraíso ou inferno. 

O fogo de fato desempenha um papel simbólico central nas cerimônias religiosas.  É o símbolo de Ahura Mazda, junto com o sol, estrelas e luz e também é uma representação física de uma mente iluminada.  Os zoroastrianos fazem sua adoração em lugares conhecidos como templos do fogo e é lá que uma flama eterna é mantida com óleos de sândalo e franquincenso.

As escrituras zoroastrianas são chamadas de Avesta e são escritas em uma língua antiga, o avestão, que é próximo ao sânscrito dos hinos vedas antigos dos hindus. 

Até agora pudemos ver que o Zoroastrismo contém uma mistura de crenças, de um lado abraçando algo do monoteísmo do Islã e o dualismo do Cristianismo e que o conceito zoroastriano de paraíso e inferno contém elementos morais em comum com o Judaísmo, o Cristianismo e o Islã.  Na parte 2 discutiremos se os zoroastrianos são ou não os magianos mencionados no Alcorão. Por conta de seu uso simbólico do sol e estrelas, teriam eles algum elo com os sabeus ou a religião dos ancestrais do profeta Abraão?  Também examinaremos mais de perto se os conceitos islâmicos são ou não inerentes no Zoroastrismo.

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