Os dez maiores mitos sobre o Islã (parte 1 de 2): Acesso à informação não evita as concepções errôneas sobre o Islã

Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)

Descrição: Um breve olhar nos primeiros três dos dez mitos comuns sobre o Islã.

Desde que os muçulmanos saíram da península Arábica para estabelecer o império islâmico tem havido mitos e concepções errôneas em relação ao estilo de vida islâmico.  Quase 1.500 anos atrás a adoração ao Deus Único mudou o mundo conhecido. Entretanto, mitos ainda cercam o Islã, apesar de as pessoas do mundo terem acesso a quantidades sem precedentes de informação. Nesse artigo de duas partes examinaremos 10 dos mitos mais comuns que hoje provocam mal-entendidos e intolerância.

1.Islã encoraja terrorismo. 

Na segunda década do século 21 esse é provavelmente o maior mito sobre o Islã.  Em uma época em que parece que o mundo ficou louco com a matança de inocentes, deve ser reiterado que a religião do Islã estabelece regras muito específicas para guerra e coloca um valor enorme sobre a santidade da vida.

“… que quem matar uma pessoa, sem que esta tenha cometido homicídio ou semeado a corrupção na terra, será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade.” (Alcorão 5:32)

A matança de inocentes é completamente proibida. Quando o profeta Muhammad enviou seus companheiros para a batalha, disse: “Vão em nome de Deus e não matem velhos, crianças e mulheres. Espalhem a bondade e façam o bem, porque Deus ama os benfeitores.” [1] “Não matem os monges nos monastérios” ou “Não matem as pessoas em seus locais de adoração.[2] Uma vez, depois de uma batalha, o profeta viu o corpo de uma mulher no chão e disse: “Ela não estava lutando.  Por que então foi morta?”

      Essas regras foram enfatizadas posteriormente pelo primeiro califa do império islâmico, Abu Bakr. Ele disse: “Ordeno a vocês dez coisas. Não matem mulheres, crianças ou pessoas idosas ou doentes. Não cotem árvores frutíferas. Não destruam um local habitado. Não abatam ovelhas ou camelos, exceto para se alimentarem. Não queimem abelhas e não as dispersem. Não roubem do butim e não sejam covardes.” [3] Além disso, os muçulmanos são proibidos de empreender atos não justificados de agressão. Nunca é permissível matar uma pessoa que não seja hostil.

“Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos combatem; porém, não pratiqueis agressão, porque Deus não estima os agressores.” (Alcorão 2:190)

2.O Islã oprime as mulheres. 

O Islã têm as mulheres na mais alta consideração em todas as fases da vida delas. Como filha abre a porta do paraíso para o pai.[4] Como esposa, completa metade da religião do marido.[5] Quando é mãe, o Paraíso está aos seus pés.[6] Os homens muçulmanos devem tratar as mulheres com respeito em todas as circunstâncias porque o Islã exige que as mulheres sejam tratadas com honra e justiça.

No Islã as mulheres, assim como os homens, são comandadas a crerem em Deus e adorá-Lo.  As mulheres são iguais aos homens em termos de recompensa na Vida Eterna.

“Aqueles que praticarem o bem, sejam homens ou mulheres, e forem fiéis, entrarão no Paraíso e não serão defraudados, no mínimo que seja.” (Alcorão 4:124)

O Islã dá às mulheres o direito de ter propriedades e controlar suas próprias finanças. Dá às mulheres direitos formais de herança e o direito à educação.  As muçulmanas têm o direito de aceitar ou recusar propostas de casamento e as casadas são completamente livres da obrigação de sustentar a família. Assim, mulheres casadas que trabalham são livres para contribuir para as despesas da casa ou não, o que acharem melhor.  O Islã também dá às mulheres têm o direito de buscar o divórcio, se isso tornar-se necessário.

Infelizmente é verdade que algumas muçulmanas são oprimidas.  Infelizmente, muitas não estão cientes de seus direitos e se tornam vítimas de aberrações culturais que não têm lugar no Islã.  Indivíduos e grupos poderosos alegam ser muçulmanos e ainda assim não praticam os verdadeiros princípios do Islã.  Se as mulheres receberem seus direitos concedidos por Deus, como determinado na religião do Islã, a opressão global das mulheres pode ser eliminada. O profeta Muhammad disse: “Somente um homem nobre trata as mulheres de maneira honrosa. E somente um ignóbil trata as de maneira vergonhosa.” [7]

3.Todos os muçulmanos são árabes

A religião do Islã foi revelada para todos os povos, em todos os lugares e em todas as épocas.  Embora o Alcorão tenha sido revelado na língua árabe e o profeta Muhammad fosse árabe, seria errado supor que todos os muçulmanos são árabes ou que todos os árabes são muçulmanos.  De fato, a vasta maioria dos 1,57 bilhões[8] de muçulmanos não são árabes. 

Embora muitas pessoas, especialmente no Ocidente, associem o Islã com países no Oriente Médio, de acordo com o Pew Research Centre quase dois terços (62%) dos muçulmanos vivem na região Ásia-Pacífico e, de fato, mais muçulmanos vivem na Índia e Paquistão (344 milhões combinados) do que em todo o Oriente Médio e África do Norte (317 milhões).

Também de acordo com o Pew, “os muçulmanos compõem a maioria da população em 49 países em todo o mundo. O país com o maior número (em torno de 209 milhões) é a Indonésia, onde 87,2% da população se identifica como muçulmana. A Índia tem a segunda maior população muçulmana do mundo em números brutos (aproximadamente 176 milhões), embora os muçulmanos sejam apenas 14,4% da população total da Índia.”

O Islã não é uma raça ou etnia – é uma religião. Assim, os muçulmanos podem existir, e de fato existem, em todas as partes do mundo das tundras alpinas da Escandinávia às águas quentes da costa do Fiji.

“Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros.” (Alcorão 49:13)


Notas de rodapé:

[1]Abu Dawood

[2]Imam Ahmad

[3] Tabari, Al (1993), The Conquest of Arabia, State University of New York Press, p. 16

[4]  Saheeh Muslim. Em Ahmad e Ibn Majah uma filha é chamada de “escudo contra o fogo” para o pai.

[5]Al-Bayhaqi

[6]Ahmad, An-Nasai

[7]At-Tirmidhi

[8] De acordo com o relatório “Mapping the Global Muslim Population,” do Pew Forum on Religion & Public Life.

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