Omar, o Critério (parte 2 de 3): Um homemcomo uma Nação

Por Aisha Stacey (© 2013 IslamReligion.com)

Descrição: O amor de Omar por seus irmãos e irmãs no Islã

Omar ibn Al Khattab era um homem forte e assertivo com seu coração cheio de ódio pelo Islã.  As súplicas do profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, e a beleza sublime do Alcorão mudaram sua mente, seu coração e sua vida.  Quando Omar aceito ou o Islã tornou-se um homem devotado à Ummah de Muhammad e, como muçulmano, estava satisfeito quando a Ummah estava satisfeita e insatisfeito quando a Ummah estava insatisfeita.

Ummah é uma palavra árabe que pode ser traduzida superficialmente como nação, mas como muitas outras palavras árabes, não é fácil de traduzir para o português.  A raiz da palavra árabe Ummah é amma, que significa ir ou ir para ver.  A palavra imama significa liderar, por exemplo, aquele que lidera a oração é o imame.  Também deriva dessa raiz a palavra umm, que significa mãe, fonte ou origem.

Nos países ocidentais a palavra nação geralmente define a noção de estado, cujos membros vivem em um conjunto de fronteiras pré-definidas determinadas por diferenças religiosas, raciais ou étnicas. Essa não é a definição de Ummah. Ummah significa uma comunidade de crentes unidos com um propósito – adorar Deus.  Juntos são fortes e divididos são fracos.  Cada membro está unido com todos os outros de forma espiritual que pode até ter manifestações físicas.  Quando uma parte da Ummah sente dor, toda a Ummah sofre.[1]

“E sabei que esta vossa comunidade é única, e que Eu sou o vosso Senhor. Temei-Me, pois!” (Alcorão 23:52)

Para ilustrar isso podemos olhar para as imagens vistas na TV, com os muçulmanos denunciando os abusos e maus tratos sofridos por seus irmãos em países distantes.  Na Ummah de Muhammad quando um membro sofre, a dor nos corações dos outros membros é real.  Os muçulmanos se posicionam pelo que é moralmente correto e a desumanidade não tem lugar no Islã. Omar ibn Al Khattab reconheceu essa qualidade única de imediato e se declarou um homem da Ummah.

Quando Omar ibn Al Khattab aceitou o Islã queria ser parte de sua comunidade e proclamar sua filiação a essa nação única.  Omar queria se unir à Ummah em sua felicidade e em sua dor. Na época de sua conversão os membros mais fracos da Ummah sofriam abuso e opressão sistemáticos, frequentemente provocados pelo próprio Omar, mas seu coração agora sentia sua dor e queria experimentá-la. Omar não queria que o Islã passasse desapercebido; imediatamente informou aos inimigos do Islã que era muçulmano. 

No início os homens de Meca que não tinham abraçado o Islã ficaram chocados e não reagiram à conversão de Omar, mas quando a notícia se espalhou, se reuniram na Casa de Deus e atacaram Omar. Omar, o lutador forte e musculoso, sentou no meio de seus atacantes e eles o espancaram. Omar se recuperou do espancamento e, por causa dele, o Islã se fortaleceu.  O coração de Omar estava cheio de amor por seus irmãos e irmãs no Islã. O Profeta Muhammad disse: “Se houvesse um profeta depois de mim, ele seria Omar ibn al Khattab.”

Mais que força

Abu Bakr As Siddiq e Omar eram os dois companheiros mais próximos do profeta Muhammad. Relata-se que Ali Ibn Abu Talib disse que o profeta Muhammad saía de manhã com Abu Bakr e Omar e retornava à noite com Abu Bakr e Omar. O próprio profeta chamava Abu Bakr e Omar de seus olhos e ouvidos e dizia que eram seus conselheiros entre os habitantes da terra.[2] Omar ficou ao lado do profeta Muhammad em todos os testes e tribulações que a Ummah muçulmana enfrentou.

Quando os muçulmanos de Meca migraram para a cidade de Medina, todos partiram em uma migração secreta e bem planejada, exceto Omar. Foi o único muçulmano a migrar abertamente. De fato, ele proclamou que estava partindo e convidou qualquer homem que se considerasse forte o suficiente, a desafiá-lo. Omar pendurou a espada em seu pescoço e cavalgou pelas ruas de Meca com sua cabeça erguida e seu coração, que não estava mais cheio de ódio, com um amor profundo por Deus, Seu profeta Muhammad e seus irmãos crentes. Como o profeta Muhammad criou sua Ummah, Omar ficou do seu lado.

Embora lembrado por sua força, Omar também era conhecido por ser um homem virtuoso e generoso.  Passava noites em adoração, frequentemente acordando sua família na última parte da noite para unir-se a ele em suas devoções.  Era um crente convicto, confiante na promessa de Deus do paraíso e prontamente gastou de sua fortuna em nome de Deus para benefício dos crentes.  Um dos companheiros do profeta narra[3] que Omar uma vez distribuiu 22.000 dirhams para os necessitados e tinha o hábito de distribuir sacos de açúcar.  Quando perguntaram a Omar por que distribuía o açúcar, ele disse: “Porque gosto de açúcar e Deus disse no Alcorão:

“Jamais alcançareis a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais apreciardes. E sabei que, de toda caridade que fazeis, Deus bem o sabe.” (Alcorão 3:92)

Omar era um dos dez homens aos quais o profeta Muhammad deu as boas novas de que seriam admitidos no paraíso.[4]  Entretanto, isso não o impediu de trabalhar incessantemente toda a sua vida para agradar a Deus.  Era um homem de sabedoria, um homem conhecido por sua generosidade e devoção incansável na adoração a Deus e, acima de tudo talvez, era devotado à Ummah de Muhammad. O profeta Muhammad aconselhou a todos nós quando disse: “Um homem não é um verdadeiro crente até que ame para seu irmão o que ama para si mesmo”[5].  Omar queria o paraíso, mas também o queria para todo homem, mulher ou criança que tinha acreditado que não havia divindade exceto Deus e Muhammad é Seu mensageiro. Esse era Omar, que distinguia verdade de falsidade; era um homem da Ummah.


Footnotes:

[1] Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim.

[2] At Tirmidhi.

[3]  Das Histórias dos Califas Sabiamente Guiados, do Imam Ibn Kathir.

[4] At Tirmidhi.

[5] Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim, & outros.

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