Por Aisha Stacey (© 2013IslamReligion.com)
Descrição: Como o segundo sucessor do profeta Muhammad abraçou o Islã.
Quando os inimigos do Islã ouviam o nome de Omar, seus joelhos tremiam. Quando Satanás via Omar caminhando na rua, mudava de direção. Até os amigos de Omar às vezes achavam sua presença intimidante e também temiam sua ira. Entretanto, esse home de força e poder chorava facilmente e tinha um coração generoso e compassivo. Omar era humilde sem ser fraco. Combinava dois traços opostos de caráter e isso fez dele único entre os homens ao redor do profeta Muhammad. O caminho de Omar para a verdade começou com um ódio veemente de Muhammad e da religião do Islã, mas aquele ódio logo se transformou em amor profundo. Omar ibn Al Khattab fortaleceu o Islã.
Pertencia à uma família de classe média, nem rica e nem pobre, do clã Adi, parte da tribo dos coraixitas. Teve uma infância dura. Seu pai era conhecido por ser um homem severo que tinha disciplinado seu filho à exaustão, batendo nele quando considerava necessário. Apesar disso acredita-se que Omar sabia ler, uma habilidade rara na Arábia pré-islâmica. Nascido aproximadamente 11 anos depois do profeta Muhammad, Omar era um garoto de pele relativamente clara que se transformou um homem alto, bem constituído e musculoso conhecido por seu comportamento violento e habilidades para a luta.
Omar começou a trabalhar como pastor para seu pai e tios e recebia um pequeno estipêndio, geralmente um punhado de tâmaras por um dia inteiro de trabalho. Complementava seus rendimentos participando de competições de luta, mas na vida adulta tornou-se um negociante bem-sucedido e homem de negócios respeitado. Omar era conhecido como um homem forte. Sua postura e conduta denotavam força e sua voz era alta e de comando. Quando os ensinamentos de Muhammad se tornaram um problema para os homens de Meca, Omar pronunciou seu ódio pelo Islã abertamente e participou do abuso e tortura de muitos dos convertidos mais fracos ao Islã.
Os dois Omars
Embora não conhecido por seu nome de Omar, havia outro homem forte e determinado que se opunha ao Islã. Era o homem originalmente conhecido como Abu Hakim (o pai da sabedoria), mas a história nos lembra dele como Abu Jahl (o pai da ignorância), o inimigo declarado do Islã. O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, deu a ele o nome de Abu Jahl para denotar sua total ignorância em não reconhecer a verdade do Islã. Relatos tradicionais revelam que o profeta Muhammad em uma ocasião levantou as mãos em súplica e implorou a Deus que fortalecesse o Islã com um dos dois Omars que mais amasse. Para os inimigos do Islã e os companheiros do profeta Muhammad, Omar ibn al Khattab abraçar o Islã era uma noção impensável.
O ódio de Omar pelo Islã era tão forte que se ofereceu como voluntário para matar o profeta Muhammad. Sem um segundo de hesitação desceu as ruas de Meca com a intenção de desembainhar sua espada e acabar com a vida do profeta de Deus. Um dos homens de Meca, que secretamente era muçulmano, viu o olhar no rosto de Omar e imediatamente soube que seu amado profeta estava em perigo. Sem temer por si mesmo, aproximou-se de Omar e perguntou onde estava indo com tanta pressa. Oma respondeu que ia “para o homem que havia desunido nosso povo, amaldiçoado nossos deuses e nos feito de tolos” e disse “vou matá-lo”.
O jovem muçulmano chamado Nu’aim sentiu o terror em seu coração e tentou começar uma discussão com Omar para distraí-lo, mas Omar estava determinado com sua missão e seguiu em frente. Nu’aim relutantemente falou as palavras que levou Omar para o Islã. Disse: “Por que não cuida de sua própria casa primeiro?” Omar parou e perguntou o que ele queria dizer com essas palavras. A amada irmã de Omar e seu marido tinham abraçado o Islã secretamente e Nu’aim revelou o segredo para salvar a vida do profeta Muhammad.
Omar voltou imediatamente e caminhou com determinação na direção da casa de sua irmã. Enquanto se aproximava, pode ouvir o som do Alcorão sendo recitado. Omar bateu na porta. Os moradores esconderam suas cópias do Alcorão, mas Omar entrou e exigiu saber que som “cantarolante” era aquele que tinha ouvido. A irmã de Omar respondeu que não era nada, apenas o som deles conversando, mas Omar conhecia o som do Alcorão e perguntou ameaçadoramente: “Você se tornou muçulmana?” O cunhado de Omar respondeu afirmativamente e nessa hora Omar caiu sobre ele, derrubando-o no chão. A irmã de Omar tentou defender o marido e, na confusão, Omar atingiu seu rosto, tirando sangue.
O Alcorão entra em seu coração
A irmã de Omar parecia ter a força que fazia seu irmão ser tão famoso. Levantou-se e enfrentou seu irmão enfurecido dizendo: “Inimigo de Deus! Bateu em mim apenas porque acredito em Deus. Goste ou não, testemunho que não há divindade exceto Allah e que Muhammad é Seu servo e mensageiro. Faça o que quiser!” Omar viu o sangue correndo do rosto de sua irmã, suas palavras ecoaram em seus ouvidos e ele se levantou. Omar exigiu que as palavras do Alcorão que tinha ouvido quando se aproximava da casa fossem recitadas para ele.
“Não te revelamos (ó Muhammad) o Alcorão para que te mortifiques. Mas sim como exortação aos tementes. É a revelação de Quem criou a terra e os altos céus, Do Clemente, Que assumiu o Trono. Seu é tudo o que existe nos céus, o que há na terra, o que há entre ambos, bem como o que existe sob a terra. Não é necessário que o homem levante a voz, porque Ele conhece o que é secreto e ainda o mais oculto. Deus! Não há mais divindade além d’Ele! Seus são os mais sublimes atributos.” (Alcorão 20:2-8)
Os olhos de Omar se encheram de lágrimas. “É contra isso que estamos lutando?” perguntou. “Aquele que falou essas palavras precisa ser adorado.” Omar deixou a casa da irmã e correu para Muhammad. Aqueles com o profeta Muhammad estavam com medo, mas deixaram Omar entrar e o seguraram até que estivesse na presença de Muhammad. O profeta Muhammad o segurou e perguntou: “Por que veio até aqui, filho de Khattab?”
Omar olhou para o profeta Muhammad com humildade e alegria e disse: “Ó mensageiro de Deus, vim para dizer que acredito em Deus e Seu mensageiro.” O profeta Muhammad foi tomado pela alegria e clamou que Deus era Grande! Dentro de dias Omar liderou uma procissão de muçulmanos para a casa de Deus onde oraram abertamente. Foi nessa ocasião que o profeta Muhammad deu a ele o apelido de Al Faruq – o critério[1]. Isso denota que ele é capaz de distinguir verdade de falsidade. O Islã foi fortalecido com Omar e seu ódio se transformou em um amor sem limites. Sua vida e sua morte passaram agora a ser em nome de Deus e Seu mensageiro.
Footnotes:
[1] Tirado dos trabalhos históricos de At Tabari, & The Life and times of Omar Ibn Al Khattab do Sheikh Ali Muhammad Salladi.