O que é Budismo? (parte 1 de 2): O caminho para a iluminação

Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)

Descrição: Breve visão geral do Budismo.

Definição: Uma difundida religião ou filosofia asiática fundada por Sidarta Gautama no nordeste da Índia no século 5 aEC, que ensina que a iluminação pode ser alcançada pela eliminação dos desejos terrenos e da ideia do eu.[1]

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O Budismo é a religião de mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo.  A maioria dessas pessoas vive na Ásia, mas existem comunidades budistas significativas em outros continentes.  Há duas tradições budistas principais, a Theravada (a Escola dos Anciões) e a Mahayana (o Grande Veículo).  O Budismo não é estritamente uma religião e é geralmente descrito como uma filosofia de vida.  

Quem foi Buda?

De acordo com a escritura Theravada, o Buda (Sidarta Gautama) nasceu no século 5 antes da Era Comum.  Era filho do rei Śuddhodana, o governante de um pequeno reino no que hoje é o Nepal.  Logo após seu nascimento oito brâmanes foram convocados para prever o futuro da criança.  Sete brâmanes profetizaram que o jovem príncipe seria um grande governante ou renunciaria os prazeres mundanos e viveria a vida de um homem sagrado.  Um, entretanto, estava certo de que a criança seria um homem sagrado.  O rei tinha grandes ambições mundanas para seu filho e, portanto, manteve o príncipe dentro dos confins do palácio real.  Com a idade de 29 anos o príncipe escapou do confinamento e teve vários encontros com o mundo exterior.  Esses encontros se tornaram conhecidos na escritura como as quatro visões.

Quando Sidarta viu um velho, uma pessoa doente, um corpo e um asceta que havia renunciado a todos os bens terrenos, resolveu embarcar em uma busca espiritual.  Essa busca era para encontrar um fim permanente para o sofrimento que observou.  Estudou com os melhores professores religiosos, mas constatou que não conseguiam por um fim permanente ao sofrimento.  Em seguida praticou ascetismo extremo, acreditando que poderia livrar o espírito humano negando a carne.  Sidarta submeteu-se a jejum prolongado, suspensão da respiração, exposição à dor e quase se matou de forme antes de perceber que essa não era a forma de colocar um fim ao sofrimento humano.

Sidarta não abandonou sua busca, mas decidiu confiar em seus próprios sentimentos e praticar meditação.  Sentou-se sob uma figueira, conhecida como a árvore Bodhi, na cidade de Bodh Gaya, na Índia, e jurou não se levantar até alcançar a iluminação.  Depois de vários dias destruiu aslimitaçõesde sua mente,libertou-sedociclo de sofrimento e renascimento, tornando-se assim umser plenamente iluminado.  Foi através dessa meditação que Sidarta descobriu o que os budistas chamam de Caminho do Meio, um caminho de moderação entre os extremos da autoindulgência e a auto mortificação.[2]Logo após a iluminação Buda (o acordado), conhecido anteriormente como Sidarta, formou uma ordem monástica e passou o resto de sua vida viajando e ensinando o caminho para a iluminação.  O Buda morreu por volta dos 80 anos de idade em Kushinagar, Índia.[3]

Esse relato está de acordo com a escola Theravada de pensamento e difere um pouco de outros relatos.  A precisão histórica também foi questionada, mas de acordo com o autor Michael Carrithers, “o perfil da vida deve ser verdadeiro: nascimento, maturidade, renúncia, busca, despertar e liberação, ensino, morte”.[4]

Ensinamentos budistas básicos

O Budismo tem duas divisões principais e várias subdivisões tendo por base país e cultura, entretanto, a maioria das tradições compartilha um conjunto fundamental de crenças.  Geralmente se refere à reencarnação como uma crença fundamental do Budismo, mas isso não está estritamente correto.  A crença budista é em renascimento e não em reencarnação.  O site Tolerância Religiosa a explica como a seguir: 

“Na reencarnação o indivíduo pode voltar repetidamente.  No renascimento uma pessoa não precisa necessariamente retornar a Terra como a mesma entidade.  Ele a compara com uma folha que cresce em uma árvore.  Quando a folha murcha cai, uma nova folha a substituirá.  É semelhante à antiga folha, mas não idêntica à folha original.”[5]

Outras crenças fundamentais incluem as três joias, as quatro verdades nobres, o caminho óctuplo e os cinco preceitos.  As três joias são o Buda, o Darma (os ensinamentos) e a Sangha (a comunidade), e buscar refúgio neles é a base da prática budista.  As quatro verdades nobres são a universalidade do sofrimento, a origem do sofrimento, a superação do sofrimento e o caminho que leva à supressão do sofrimento.

O caminho é conhecido como o caminho óctuplo e consiste de dṛṣṭi (ditthi): ver a realidade como ela é, não apenas como parece ser, saṃkalpa (sankappa): intenção de renúncia, liberdade e inocuidade,vāc (vāca): falar de maneira verdadeira e não-ofensiva, karman (kammanta): agir de maneira não-ofensiva, ājīvana (ājīva): um sustento não-ofensivo, vyāyāma(vāyāma): fazer esforço para se aprimorar, smṛti(sati): conscientização para ver coisas pelo que elas são com consciência clara, ciente da realidade presente dentro de si mesmo, sem qualquer desejo ou aversão, samādhi(samādhi): meditação ou concentração corretas.

Os cinco preceitos definem a ética budista.  Não mate, seja gentil com todas as criaturas.  Não roube, dê ao invés de tomar.  Não minta, seja honesto e aberto.  Não use mal o sexo e não consuma álcool ou drogas recreacionais. 

Assim como as explicações hinduístas e budistas de reencarnação e renascimento diferem, o mesmo acontece com o termo nirvana.  No Hinduísmo é a união com o Ser Supremo, para ascetas em várias religiões indianas, inclusive o Jainismo, Hinduísmo e Budismo é o estado de ser livre de sofrimento e no Budismo assume seu sentido literal de “estourar” ou extinguir o fogo do ódio, ganância e ilusão.  O Nirvana também é caracterizado pelo conhecimento transcendental ou bodhi, um conceito traduzido como “iluminação”.  O próprio Buda nunca deu uma definição exata de Nirvana.  Entretanto, não há Deus no Budismo. Ao invés disso, ao romper o ciclo de renascimento e alcançar a iluminação, os budistas acreditam que alcançarão o estado de Nirvana – ser eterno, o fim do sofrimento, um estado no qual não há desejos e consciências individuais chegam ao fim.

No próximo artigo aprofundaremos a discussão com o conceito de Deus no Budismo, comparando algumas das crenças básicas do Budismo com os ensinamentos islâmicos.

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