Hinduísmo (parte 1 de 4): O que é Hinduísmo?

Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)

Descrição: Breve visão geral do Hinduísmo em uma série de artigos a partir da perspectiva de religiões comparadas.

Esse é o primeiro artigo em uma série discutindo o Hinduísmo a partir da perspectiva de religiões comparadas.  Embora como muçulmanos acreditemos de todo o coração que só existe um Deus Único, que Muhammad é Seu mensageiro e que o Islã é a religião daqueles que se submetem a Deus, esses artigos não têm a intenção de denegrir outras religiões ou seus seguidores.  Nossa intenção é, como o título sugere, comparar religiões. 

O Hinduísmo[1]  é a religião da maioria das pessoas que residem na Índia e no Nepal.  Também existem grandes números de adeptos espalhados pelo mundo.  O Hinduísmo é a terceira maior religião no mundo, com aproximadamente 950 milhões de seguidores, depois do Cristianismo e do Islã.  É às vezes considerada como a religião mais antiga da atualidade, com elementos que remontam há milhares de anos. Muitos estudiosos sugerem que começou há mais de 4.000 anos antes da Era Comum. 

O Hinduísmo, que deriva seu nome da palavra persa para rio, se originou no vale do rio Indus.  É uma coletânea de práticas e crenças sem um fundador único, sem uma única escritura e sem um conjunto único de crenças.  O Hinduísmo também é próximo conceitualmente e associado historicamente com outras religiões indianas predominantes, como o Jainismo, o Budismo e o Sikhismo.

O centro da adoração hindu é a imagem, ou ícone, que é adorada em casa ou em um templo.  Adorá-las é principalmente um ato individual, ao invés de comunal, já que envolve oferendas pessoais à deidade e o cântico ou repetição dos nomes dos deuses e deusas favoritos.  São oferecidos água, frutas, flores e incenso e considera-se que a peregrinação a várias pedras, rios, montanhas e templos é vista pela deidade sendo adorada em particular.

O Hinduísmo é descrito frequentemente como uma religião politeísta devido a vasta gama de deuses e deidades, geralmente com base em necessidades ou regiões, e a adoração que quase sempre foca em esculturas e imagens.  Entretanto, existem muitos que definem o Hinduísmo como monoteísta, por causa da crença no Deus supremo – Brahma, cujas qualidades e formas são representadas pela multitude de deidades que emanam dele.  Brahma é a palavra em sânscrito que se refere a um poder transcendente além do universo geralmente traduzido como Deus que, diz-se, pode ter formas e expressões ilimitadas. 

Existem também aqueles que veem o Hinduísmo como Trinitário, porque Brahma é simultaneamente visualizado como uma tríade. O triunvirato consiste de três deuses que são responsáveis pela criação, conservação e destruição do mundo. Eles são Brahma (que não deve ser confundido com Bramam, a energia suprema de deus), Vishnu e Shiva.  Brahma é responsável pela criação e Vishnu é o preservador do universo, enquanto que o papel de Shiva é destruir para recriar.

O Hinduísmo tem muitas escrituras: os Vedas, os Upanishads e o Bhagavad-Gita são as consideradas mais importantes.  A maioria dos hindus acredita que a alma, ou atman, é eterna e passa pelo ciclo do nascimento, morte e renascimento (samsara) determinado pelo karma positivo ou negativo ou em consequência das ações da pessoa.  O objetivo da vida religiosa é aprender a agir de maneira a finalmente alcançar a liberação (moksha) da alma, escapando do ciclo de renascimento.

É difícil responder a pergunta: o Hinduísmo é politeísta, panteísta ou monoteísta? Chegamos a várias respostas a partir de várias fontes, todas igualmente corretas de acordo com cada entendimento do Hinduísmo.  O Hinduísmo adora várias formas do Deus Único.[2] De acordo com os dogmas do Hinduísmo, Deus é Único e também muitos.[3] Os hindus acreditam em politeísmo monoteísta, ao invés de politeísmo.[4] Embora o Hinduísmo seja erroneamente considerado por muitos como uma religião que tem muitos deuses, ou seja, politeísta, verdadeiramente falando o Hinduísmo é uma religião monoteísta.[5]

A Religion Facts[6] tenta entender as definições diferentes ao dizer que “Embora o “monoteísmo” literalmente signifique crer na existência de um Deus, o termo passou a conotar crença em um Deus que criou e é distinto do universo”. O panteísmo é a visão de que Deus é essencialmente idêntico ao universo e totalmente imanente no mundo: Deus é o universo e o universo é Deus. Assim, o panteísmo parece ser o rótulo mais preciso para o Hinduísmo. O qualificador “com elementos politeístas” é acrescido porque o Ser Supremo do Hinduísmo é mais frequentemente adorado na forma de múltiplas deidades. Entretanto, deve ser notado que essa é uma generalização que não descreve as crenças de todos os hindus. Alguns consideram o universo como criado por Deus e essencialmente distinto Dele e são, portanto, “monoteístas” no sentido tradicional.”

Em apenas alguns parágrafos tentamos resumir milhares de anos de tradições que se desenvolveram via liberdade de crença e prática.   Existem dez valores humanos básicos inerentes ao Hinduísmo. Entretanto, existem várias práticas enraizadas que são totalmente contrárias aos princípios do Islã.  Essas incluem o sistema de castas e a desvalorização das mulheres.  Como mencionado acima, o Hinduísmo envolve a crença na reencarnação e isso também não pode ser conciliado com os ensinamentos do Islã.  Até recentemente o Hinduísmo era considerado a fé mais religiosamente tolerante do mundo.  Entretanto, conversões em massa para outras crenças resultaram em incidentes de intolerância.

Na parte dois discutiremos o status das mulheres no Hinduísmo, o legado doloroso deixado pelo sistema de castas, oficialmente banido na Índia em 1949, e duas doutrinas gritantemente diferentes entre o Hinduísmo e o Islã, a adoração de algo além de Deus e a crença na reencarnação. 

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