FEITIÇARIA NO ISLÃ (PARTE 1 DE 2): PECADOS SÉRIOS QUE COLOCAM EM PERIGO A VIDA FUTURA DE UMA PESSOA

  • Por Aisha Stacey (© 2016 IslamReligion.com)
  • Descrição: O que o Islã diz sobre feitiçaria?

  • MagicInIslam1.jpgA posição do Islã sobre feitiçaria tanto para quem pratica a magia quanto para aquele que acredita na feitiçaria pode ser resumida em uma frase.  A feitiçaria é absolutamente proibida.  Entretanto, vamos tentar descobrir por que o Islã a proíbe.  Lembrando que o Islã é um estilo de vida, não apenas um conjunto de crenças que as pessoas podem ou não praticar, constatamos que a feitiçaria é proibida por causa do dano que pode causar a indivíduos, famílias e à comunidade.

    Desde o início dos tempos os seres humanos foram fascinados pela feitiçaria em todas as suas formas.  Ficaram admirados e acreditaram em mitos e, muitas vezes, não se deram conta dos perigos inerentes à feitiçaria.  A feitiçaria é conhecida em árabe como sihr e é um dos truques que Satanás usa para desencaminhar a humanidade.  É por essa razão que o Islã alerta contra a magia.  Deus adverte sobre ela no Alcorão.

    “Os homens aprendiam o que lhes era prejudicial e não o que lhes era benéfico, sabendo que aquele que assim agisse, jamais participaria da ventura da outra vida. A que vil preço se venderam! Se soubessem…” (Alcorão 2:102)

    A feitiçaria é realizada com a ajuda do Jinn[1], cuja ajuda é obtida quando o feiticeiro ou feiticeira comete atos de descrença e adora o Jinn e Satanás.  Dessa forma adotam o Jinn e Satanás como seus senhores, além de Deus.  Uma vez que o Jinn esteja satisfeito com o feiticeiro ou feiticeira, farão o que lhe for pedido.  O renomado sábio muçulmano do século 20, sheikh Ibn Baz, que Deus tenha misericórdia dele, disse: “Sihr (feitiçaria) é uma palavra que se refere a algo oculto.  É real e existem tipos de feitiçaria que podem afetar pessoas física e psicologicamente, de modo que fiquem doentes e morram ou maridos e esposas sejam separados.  É uma ação demoníaca, em grande parte só alcançada por meio de associar outros a Deus e com a aproximação subalternos de Satanás”.

    O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, aconselhou seus seguidores a evitarem os sete pecados destrutivos.  “Fazer qualquer um ou qualquer coisa parceiro com Deus; praticar feitiçaria; matar um ser vivo sem justificativa e cuja vida foi declarada sagrada por Allah; praticar usura; se apropriar indevidamente da propriedade de um órfão; fugir em uma batalha; e caluniar mulheres castas, inocentes e crentes.”[2]

    Durante a vida do profeta Muhammad uma das formas mais populares de feitiçaria era amarrar nós em uma corda e então recitar encantamentos sobre os nós, enfeitiçando ou prejudicando outra pessoa.  Isso é mencionado na segunda parte do último capítulo do Alcorão, onde somos encorajados a buscar refúgio desse mal.  “Do mal dos que praticam ciências ocultas.” (Alcorão 113:4)

    Essa forma de feitiçaria era feita ao profeta Muhammad, mas Deus não permitiu que isso fizesse qualquer mal a ele. Um homem mau lançou um feitiço sobre o profeta Muhammad usando um cabelo que foi pego em uma escova junto com algumas fibras de uma tamareira. Depois que o feitiço foi lançado o profeta começou a imaginar que tinha tido relações sexuais com uma de suas esposas, quando de fato não tinha tido. O efeito do feitiço foi limitado e não interferiu de forma alguma com sua responsabilidade de transmitir a mensagem divina.  Sua amada esposa Aisha narra que: “Um dia ele (profeta Muhammad) suplicou a Deus e então disse: “Sabe que Deus me mostrou onde está minha cura?  Dois homens vieram até mim e um deles se sentou em minha cabeça e outro aos meus pés.  Um disse ao outro: “O que está afligindo o homem?” Ele disse: “Ele foi enfeitiçado.” O outro disse: “Quem o enfeitiçou?” Ele disse: “Labeed ibn al-A’sam.” Ele disse: “Com o que?” O outro disse: “Com uma escova, um cabelo que foi pego nela e a fibra de uma tamareira macho.”  E ele disse: “Onde ela está?” O outro disse: “No poço de Dharwaan.’” Ele foi até o poço, voltou e disse: “Suas tâmaras são como as cabeças de demônios.” Eu disse: “Você a tirou?” Ele disse: “Não.  Deus me curou e temo que isso possa trazer o mal sobre as pessoas.” Então o poço foi fechado.  [3]  O profeta Muhammad alerta novamente a seus seguidores sobre os perigos da mágica (feitiçaria ou bruxaria) quando afirma que: “Quem amarrar um nó e disser encantamentos sobre ele cometeu feitiçaria e quem cometer feitiçaria associou parceiros a Deus e quem se apoia em algo (além de Deus) será derrubado por isso.”[4]

    Outra forma de feitiçaria extremamente popular hoje em dia é ouvir previsões feitas por videntes e consultar horóscopos.  Vale lembrar o que o profeta Muhammad disse sobre essas formas de feitiçaria: “Quem for a um adivinho e lhe perguntar sobre qualquer coisa não terá suas orações aceitas por quarenta dias.” [5]  Isso não significa que uma pessoa esteja isenta da oração, mas que não receberá nenhuma recompensa por sua oração.

     “Quem for a um vidente ou adivinho e acreditar no que ele disser, deixou de acreditar no que foi revelado a Muhammad.”[6]

     “Não pertence a nós quem acredita em bons ou maus presságios; pede a outros que deem suas opiniões com base em boa ou má sorte baseado no movimento de objetos terrenos; busca adivinhação ou pratica feitiçaria ou que permite que façam feitiçaria em seu nome.  Quem for a um vidente ou adivinho e acreditar no que ele disser, deixou de acreditar no que foi revelado a Muhammad.”[7]

    Feitiçaria, sihr em árabe, que inclui feitiçaria, vidência de qualquer tipo, astrologia ou adivinhação é estritamente proibido no Islã.  Em todos os casos envolve lidar com o oculto e, na maioria dos casos, envolve atribuir parceiros a Deus.  São ambos pecados muito sérios e envolverão, no mínimo, a pessoa que pratica ou acredita em feitiçaria, em comportamento que pode levar à sua queda eterna.

    No segundo artigo discutiremos curas para feitiçaria.  O que fazer se alguém é afetado pela feitiçaria ou se quiser se proteger dos maus efeitos da feitiçaria.

     


    NOTAS DE RODAPÉ:

    [1]Para aprender mais sobre os Jinn, veja: http://www.islamreligion.com/articles/669/viewall/)

    [2]Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim

    [3]Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim

    [4]An Nasa’i

    [5]Saheeh Muslim

    [6]Abu Dawood

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