- Por Aisha Stacey (© 2016 IslamReligion.com)
Descrição: A crença islâmica nos profetas de Deus – entre deificação e rejeição.
Deus enviou milhares de profetas para a humanidade. Toda nação sobre a terra recebeu um profeta. Todos pregaram a mesma mensagem – adorar ao Deus Único, sem parceiros, filhos ou filhas. Todos os profetas vêm do mesmo Deus Único, para o mesmo propósito: levar a humanidade a Deus.
“Por Deus! Antes de ti enviamos mensageiros e outros povos;…” (Alcorão 16:63)
“Antes de ti, havíamos enviado (mensageiros) a outras raças,…” (Alcorão 6:42)
A palavra profeta (nabi, em árabe) é derivada da palavra naba, que significa novas. A mensagem de Deus é revelada e o profeta espalha a notícia entre seu povo. Um mensageiro, por outro lado, vem com uma missão específica, geralmente transmitir um novo mandamento de Deus. Todo mensageiro é um profeta, mas nem todo profeta é um mensageiro. As pessoas no tempo de Noé foram as primeiras a se desviarem da adoração correta de Deus, como ensinado pelo profeta Adão. Assim, Deus cumpriu Sua promessa a Adão de enviar mensageiros como orientação para a humanidade. Deus enviou Noé, o primeiro de Seus mensageiros.
“No Dia do Juízo as pessoas irão para Noé e dirão: “Ó Noé, você é o primeiro dos mensageiros enviados à terra e Deus o chamou de um servo agradecido.”‘[1]
O Alcorão menciona os nomes de 25 profetas e indica que existiram outros. A maioria dos profetas mencionados no Alcorão e nas tradições do profeta Muhammad são reconhecíveis e considerados profetas nas fés judaica e cristã. Noé, Abraão, Moisés e Jesus, entre outros, figuram de forma proeminente nas páginas do Alcorão. Acreditar em todos os profetas e livros revelados de Deus são dois dos pilares da crença no Islã. De fato das três grandes religiões monoteístas (Islã, Cristianismo e Judaísmo), o Islã é a única que dá aos profetas e mensageiros um lugar de significado especial. Descrer em um dos profetas é como descrer em todos.
Os muçulmanos acreditam que o Torá e o (Injeel) Evangelho de Jesus eram originalmente a Palavra de Deus, mas hoje não estão mais em sua forma original. Foram alterados com o passar do tempo. Consequentemente, dos textos das escrituras anteriores, os muçulmanos acreditam somente no que foi confirmado no Alcorão ou nas tradições autênticas do profeta Muhammad.
Os profetas e mensageiros de Deus dos quais sabemos são todos homens. São considerados os melhores em suas respectivas comunidades, moral e intelectualmente. A vida de um profeta serve como modelo para seus seguidores e seguidores em potencial, e sua personalidade atrai as pessoas para a mensagem. São infalíveis ao transmitir os comandos e a mensagem de Deus, mas como são humanos podem cometer erros menores ou esquecer coisas em assuntos mundanos.
As histórias no Alcorão ensinam lições e morais excelentes e demonstram o caráter íntegro e virtuoso dos profetas. Saber disso é importante para compreender porque os muçulmanos consideram algumas das histórias contadas na Bíblia como difamatórias e exemplos da distorção da mensagem verdadeira de Deus no que resta do Torá e outros livros revelados. Por exemplo, é dito na Bíblia que Lot cometeu fornicação incestuosa enquanto bêbado. O profeta (rei) Davi alegadamente enviou um de seus líderes para a morte para casar com sua esposa. De um ponto de vista islâmico essas histórias não são apenas falsas, mas também inconcebíveis.
O Islã nos ensina a não deificar os profetas e mensageiros, porque são humanos. Devem ser amados e respeitados, mas nenhuma forma de adoração deve ser direcionada para eles, nem ser tratados como semideuses ou intermediários entre a humanidade e Deus. Jesus, o filho de Maria, pode ser usado como um exemplo de como a missão profética pode ser levada a dois extremos. Os judeus rejeitaram Jesus e se recusaram a considerá-lo como o mensageiro que estavam esperando. Por outro lado, os cristãos o elevaram a posições divinas aos quais não tinha direito.
“E recorda-te de quando Deus disse: Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem disseste aos homens: Tomai a mim e a minha mãe por duas divindades, em vez de Deus? Respondeu: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não me corresponde. Se tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a natureza da minha mente, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és Conhecedor do incognoscível.” (Alcorão 5:116)
Deus apoiou Seus profetas com milagres observáveis e não podem ser realizados por pessoas comuns. Esses milagres são concedidos pelo poder e permissão de Deus e servem como um sinal para as pessoas reconhecerem que eles foram escolhidos por Deus. Por exemplo, na época de Jesus os israelitas tinham muito conhecimento no campo da medicina. Consequentemente, os milagres que Jesus realizou (com a permissão de Deus) eram dessa natureza e incluíam devolver a visão ao cego, curar leprosos e ressuscitar os mortos.
“E curaste o cego e o leproso, com Minha[2] permissão. De quando, com o Minha permissão, ressuscitaste os mortos.” (Alcorão 5:110)
Os profetas e mensageiros são em um sentido embaixadores de Deus na terra. A missão deles é transmitir a mensagem claramente. Isso inclui chamar as pessoas para Deus, explicar a mensagem, trazer as boas novas ou avisos e dirigir os assuntos da nação. O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, é o profeta final. Não há profeta depois dele. Sua mensagem não é para um grupo, tribo ou nação particular. É uma mensagem para toda a humanidade – é para todas as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas. Assim, é imperativo acreditar no profeta Muhammad como o último dos profetas de Deus. Isso distingue o profeta Muhammad dos outros profetas e mensageiros e o coloca em uma posição única. Entretanto, o profeta Muhammad estava tão ansioso quanto todos os profetas para saber se tinha transmitido a mensagem de maneira clara. Durante seu último sermão o profeta Muhammad perguntou à congregação três vezes se tinha transmitido a mensagem e pediu a Deus que testemunhasse a resposta, que foi um sonoro “sim!”
Deus enviou os profetas e mensageiros primariamente para orientar a humanidade. Eram humanos, de caráter excelente, virtuoso e confiável, para que as pessoas pudessem seguir e se espelhar. Não eram deuses, semideuses ou santos com qualidades divinas, mas mortais encarregados de uma tarefa difícil. Deus os apoiou enquanto empreendiam sua missão que era guiar as pessoas para adorar o Deus Único.