A VERDADEIRA RIQUEZA (PARTE 1 DE 2)

  • Por Yasir al-Qadhi
  • Descrição: A realidade da vida nesse mundo.

  • The_True_Richness_(part_1_of_2)_PT-BR_001.jpgMuitas pessoas erradamente supõem que a verdadeira riqueza e o tesouro real vêm do dinheiro.  É verdade que a riqueza é uma grande bênção que Deus concede a Seus servos.  E aquele que a obtém de forma pura e a gasta adequadamente, dando aos que a merecem, sem dúvida recebem uma grande recompensa de Deus.

    Mas, ao mesmo tempo, a riqueza não é a maior bênção que pode ser dada à humanidade.  Além disso, independente de quanta riqueza uma pessoa tem, no fim ela passará para as mãos de outros.  O profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, nos lembra disso quando foi perguntado por seus companheiros:

    “Quem dentre vocês ama o dinheiro de seus herdeiros mais que seu próprio dinheiro?”[1]

    Responderam: “Ó mensageiro de Deus!  Todos nós amamos mais nosso próprio dinheiro que o dinheiro de nossos herdeiros.”

    Então o profeta respondeu: “O seu dinheiro é apenas o que produzem e o dinheiro de seus herdeiros é o que deixam para trás.” (Saheeh Al-Bukhari)

    Na realidade a maior parte do dinheiro que uma pessoa possui terminará nas mãos de seus herdeiros e somente aquela parte que foi gasta em nome de Deus a beneficiará na outra vida.

    Deus enfatiza esse ponto no Alcorão com o ensinamento de que:

    “Os bens e os filhos são o encanto da vida terrena;   por outra, as boas ações, perduráveis, são as mais meritórias e mais esperançosas, aos olhos do teu Senhor.” (Alcorão 18:46)

    Dinheiro e filhos podem ser um conforto e um prazer dessa vida, mas ações virtuosas ficarão para sempre – não a família ou riqueza.  Essas ações virtuosas trarão para a pessoa a satisfação de Deus e através disso uma pessoa pode ter esperança de uma recompensa eterna na outra vida.  O Alcorão afirma claramente:

    “E não serão nem as vossas riquezas, nem os vossos filhos que vos aproximarão dignamente de Nós; outrossim, serão os crentes, que praticam o bem, que receberão uma multiplicada recompensa por tudo quanto tiverem feito, e residirão, seguros, no empíreo.” (Alcorão 34:38)

    Em uma parábola bem conhecida e muito repetida, o Alcorão compara a vida desse mundo a uma colheita que floresce após a chuva, para murchar e atrofiar em um curto período de tempo.  O Alcorão afirma:

    “Sabei que a vida terrena é tão-somente jogo e diversão, veleidades, mútua vanglória e rivalidade, com respeito à multiplicação de bens e filhos; é como a chuva, que compraz aos cultivadores, por vivificar a plantação; logo, completa-se o seu crescimento e a verás amarelada e transformada em feno.  Na outra vida haverá castigos severos, indulgência e complacência de Deus.  Que é vida terrena, senão um prazer ilusório?” (Alcorão 57:20)

    O Imam al-Sa’adi resumiu o comentário desse versículo quando escreveu em uma passagem muito bonita: Nesse versículo Deus nos informa da verdadeira natureza desse mundo e no que ele realmente se baseia e explica o seu fim e o fim das pessoas que estão nele.  Informa-nos que é mera diversão e entretenimento para que nossos corpos divirtam-se nele e nossos corações sejam entretidos.  E vemos que isso é exatamente o que as pessoas que estão seguindo esse mundo fazem. Você descobre que desperdiçam suas vidas para que possam entreter seus corações.  Estão em ignorância total sobre a lembrança de Deus e que enfrentarão em termos e recompensas e punições (na outra vida).  As vemos considerando sua religião como diversão e passatempo.

    E isso contrasta com as pessoas de consciência e os que se empenham pela outra vida.  Seus corações são vivos com a lembrança de Deus, Seu conhecimento e Seu amor.  Estão ocupados com ações que os aproximarão de Deus, seja ações que apenas os beneficiarão ou também a outros.  E a frase “diversão e entretenimento” significa que tentarão embelezarem-se com roupas, alimentos, bebidas e meios de transporte, casas e palácios, prestígio e outras questões.  A frase “competindo uns com os outros para aumentar a riqueza e os filhos” implica que todos estão presos (a esse mundo) tentando superar os outros para ser vitorioso em todos os assuntos.  Espera poder satisfazer todos os seus desejos através disso.  E (isso ocorre no dinheiro e nos filhos) de modo que cada um quer ser aquele que tem mais que o outro, em termos de dinheiro e filhos.  E isso é o que está acontecendo com aqueles que amam esse mundo e estão felizes com ele.

    Mas está em contraste com aquele que entende esse mundo e sua realidade e, por isso, faz dele uma passagem e não um objetivo.  Compete em aproximar-se de Deus e adota as medidas necessárias para assegurar-se que chegará ao destino prometido.  Então, quando vê alguém que tenta competir em dinheiro e filhos, compete com boas ações!

    Assim Deus fez para nós uma parábola desse mundo.  É como uma chuva que cai na terra, mistura-se com a vegetação e é comida por homens e animais até que a terra apresenta sua beleza.  Quando os descrentes – que não podem ver além dessa vida – ficam maravilhados com seus frutos, a ordem de Deus recai sobre eles.  São destruídos, murcham e secam e retornam ao estado anterior, como se a terra nunca tivesse produzido nenhum verde e como se nenhuma beleza jamais tivesse sido visto sobre ela!

    E assim é esse mundo!  Quando tem a juventude como companheira, esbanjando beleza, o que deseja pode ser conseguir e sempre que deseja conseguir algo, encontra as portas abertas para alcançá-las até que, de repente, o decreto de Deus recai sobre tudo.  Assim, todo o ganho material feito nesse mundo é removido de suas mãos e quando seu controle sobre esse ganho se vai ou ele próprio é removido desse mundo, deixa-o sem absolutamente nada. No fim, não levaria nada desse mundo exceto uma mortalha (na qual seu corpo é envolvido).  Cuidado quem faz disso seu objetivo, sacrificando tudo e empenhando e devotando toda sua vida!

    Quando às ações da outra vida, são as que verdadeiramente beneficiarão.  Armazenará para o seu dono (os frutos de seu trabalho) e o acompanhará para sempre.  É por isso que Deus afirmou:

    “Os descrentes sofrerão um terrível castigo. Mas os crentes, que praticam o bem, obterão indulgência e uma grande recompensa.” (Alcorão 35:7)

    Então, a outra vida será um dessas questões.  Quanto à punição, será no fogo do inferno, seus abismos, correntes e todos os seus horrores.  Será assim para quem fez desse mundo o seu objetivo e o fim de sua jornada, porque desobedeceu livremente a Deus, rejeitou Seus sinais e não agradeceu Suas bênçãos.

    E quanto ao perdão de Deus para os pecados, a absolvição de toda punição e a satisfação de Deus será para os que se empenharam pela Morada do Desfrute (Paraíso) – aquele que percebeu a verdadeira natureza desse mundo e, portanto, empenhou-se na verdade para a outra vida.

    Tudo isso deve diminuir nosso desejo por esse mundo e aumentar nosso desejo pela outra vida e por isso Deus disse: “A vida desse mundo é apenas desfrute ilusório.”  Essa vida é um desfrute do qual uma pessoa pode beneficiar-se e obter suas necessidades.  Ninguém, exceto uma pessoa de cabeça fraca será enganado por ele e dar-se por satisfeito com ele. Esses são os que Deus permitirá serem iludidos pelo Trapaceiro (Satanás).[2]

    Comentário

     


    FOOTNOTES:

    [1]Em outras palavras, quem entre vocês ama o dinheiro que está nas mãos das pessoas que o herdarão de vocês quando morrer (como os filhos e filhas) mais que o seu próprio dinheiro.

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