A Tolerância do Profeta em Relação às Outras Religiões (parte 2 de 2): Autonomia Religiosa e Política

Por M. Abdulsalam (© 2010 IslamReligion.com)

Descrição: Muitos acreditam, equivocadamente, que o Islã não tolera a existência de outras religiões presentes no mundo.  Este artigo discute algumas das bases que o próprio Profeta Muhammad estabeleceu no lidar com pessoas de outras crenças, com exemplos práticos de sua vida.  Parte 2: Mais exemplos da vida do Profeta que retratam sua tolerância com outras religiões.

Existem muitos outros exemplos durante a vida do Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, além da Sahifah que praticamente retrata a tolerância que o Islã demonstra com outras religiões.

Liberdade de Assembléia Religiosa e Autonomia Religiosa

Ao consentirem com a constituição os judeus tiveram liberdade completa de praticarem sua religião.  Os judeus em Medina no tempo do Profeta tinham sua própria escola de aprendizado, chamada Bait-ul-Midras, na qual recitavam a Torá, adoravam e se instruíam.

O Profeta enfatizou em muitas cartas aos seus emissários que as instituições religiosas não deviam ser prejudicadas.  Aqui está uma carta endereçada ao seu emissário para o líder religioso de Santa Catarina no Monte Sinai, que buscou a proteção dos muçulmanos.

“Essa é uma mensagem de Muhammad ibn Abdullah, como uma aliança com aqueles que adotam o Cristianismo, próximos e distantes, que estamos com eles. Eu, os servos, os ajudantes e meus seguidores os defendem, porque os cristãos são meus cidadãos e, por Deus! Resisto a tudo que os desagrade. Não deve haver compulsão sobre eles. Seus juízes não devem ser removidos de seus postos, nem seus monges de seus monastérios. Ninguém deve destruir seu templo, danificá-lo ou levar nada para as casas dos muçulmanos. Quem fizer isso destruirá a aliança de Deus e desobedecerá a Seu Profeta. Verdadeiramente, eles são meus aliados e têm meu salvo conduto contra tudo que odeiam. Ninguém deve forçá-los a viajar ou obrigá-los a lutar. Os muçulmanos devem lutar por eles. Se uma cristã for casada com um muçulmano, isso não deve acontecer sem a aprovação dela. Ela não deve ser impedida de visitar sua igreja para orar. Suas igrejas devem ser protegidas. Não estão impedidos de consertá-las nem da santidade de suas alianças. Ninguém da nação (muçulmanos) deve desobedecer à aliança até o Último Dia (fim do mundo).”[1]

Como se pode ver, essa Carta consistia de várias cláusulas cobrindo todos os aspectos importantes de direitos humanos, incluindo tópicos com a proteção de minorias que viviam sob o governo islâmico, liberdade de adoração e movimento, liberdade para nomear seus próprios juízes e à manutenção de suas propriedades, isenção de serviço militar e o direito de proteção em caso de guerra.

Em outra ocasião, o Profeta recebeu uma delegação de sessenta cristãos da região de Najran, então uma parte do Iêmen, em sua mesquita.  Quando chegou o horário para oração, eles se voltaram para o oriente e oraram.  O Profeta ordenou que não fossem incomodados.

Política

Também existem exemplos na vida do Profeta nos quais ele cooperou com pessoas de outras crenças na arena política.  Ele selecionou um não-muçulmano, Amr-ibn Umaiyah-ad-Damri, como embaixador para ser enviado a Negus, o rei da Etiópia.

Esses são apenas uns poucos exemplos da tolerância do Profeta com outras religiões.  O Islã reconhece que existe uma pluralidade de religiões nessa terra e dá aos indivíduos o direito de escolher o caminho que consideram verdadeiro.  A religião não é para ser, e nunca foi, forçada sobre um indivíduo contra sua vontade, e esses exemplos da vida do Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, são um epítome do versículo do Alcorão que promove tolerância religiosa e estabelece as diretrizes para a interação dos muçulmanos com pessoas de outras crenças.  Deus diz:

“… Não existe compulsão na religião…”  (Alcorão 2:256)

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