Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)
Descrição: Exemplos da paciência do profeta Muhammad e um breve olhar na ordem de Deus para sermos pacientes.
Essa é uma continuação de nossa história sobre a paciência do profeta Muhammad em face de adversidade. Paramos com o rabino Zaid de fé diante do olhar malevolente de Umar. O rabino se afastou e o profeta disse para Umar: “…você devia nos dar um conselho sincero, ao invés de agir como agiu! Vá e pague a ele o empréstimo concedido e dê a ele vinte Sa’a (uma medida de peso) extra, porque você o assustou!”
O profeta Muhammad era paciente com todos, seus companheiros próximos, conhecidos como o rabino e até mesmo com estranhos. Estava sugerindo que seria melhor para Umar ser paciente e dar conselho sincero como sugerir uma solução que deixasse a todos satisfeitos, ao invés de perder sua paciência. Ao ponderar sobre essa história pode-se pensar por que o rabino estava cobrando o pagamento dias antes da data devida. Os homens estavam reunidos após o funeral de um dos residentes de Medina. Talvez o rabino tenha aproveitado a oportunidade de pedir seu empréstimos; talvez fosse um homem impaciente que queria se assegurar de que o empréstimo seria pago na data certa. Os seres humanos têm diversas maneiras de lidar entre si, mas seguir o exemplo do profeta Muhammad é sempre a melhor maneira, algo que fica claro quando continuamos a história.
O rabino Zaid diz: “Umar veio até mim, pagou a dívida e me deu vinte Sa’a extras em tâmaras. Perguntei a ele por que e ele respondeu: “O mensageiro de Deus me ordenou porque eu o assustei.” Zaid percebeu então que Umar não tinha ideia de quem ele era e perguntou se ele sabia. Umar respondeu que não fazia ideia. Zaid olhou para Umar e disse: “Sou Zaid ibn Sanah, o rabino.” Umar ficou admirado e perguntou a Zaid por que havia se comportado daquela maneira com o profeta? Zaid explicou que tinha visto muitos sinais de profecia em Muhammad, exceto dois, e queria testar os dois sinais finais. Eram que paciência e perseverança teriam precedência sobre a raiva e o tratamento duro seria retribuído com gentileza. Foi exatamente isso que o rabino Zaid tinha observado.
O profeta Muhammad não só era paciente ao transmitir sua mensagem, mas foi sua paciência que convenceu as pessoas que sua religião era verdadeira. Nesse caso o rabino Zaid renunciou imediatamente à sua religião e diante do profeta Muhammad testemunhou que não havia ninguém merecedor de adoração, exceto Deus e que profeta Muhammad era Seu mensageiro.[1]
O profeta Muhammad não mostrou essa paciência ao transmitir a mensagem porque achava que facilitaria sua vida. Fez porque foi ordenado por Deus a fazê-lo. Em muitos casos não facilitou a vida dele. O tio do profeta, o homem conhecido como Abu Lahab e sua esposa, eram grandes inimigos do Islã e do profeta Muhammad. Todos os dias jogavam pedras e terra na casa dele e encorajavam outros a fazê-lo. Muitos jogavam pedras não só na casa dele, mas nele próprio. As injúrias não eram incomuns. Espalhavam espinhos no chão de maneira que o profeta Muhammad não pudesse evitá-los e em muitos dias os pés do profeta sangravam após extrair os espinhos. Como ele reagiu? Com paciência, tolerância e perdão.
Para enfatizar a importância de se comportar de maneira calma e gentil, Deus faz menção a isso várias vezes no Alcorão. Deus diz: seja paciente, perdoe-os e reprima sua raiva.
“Que fazem caridade, tanto na prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que indultam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfeitores. ” (Alcorão 3:134)
“…porém, se perseverardes pacientemente e temerdes a Deus, sabei que isso é um fator determinante, em todos os assuntos.” (Alcorão 3:186)
“Muitos dos adeptos do Livro, por inveja, desejariam fazer-vos voltar à incredulidade, depois de terdes acreditado, apesar de lhes ter sido evidenciada a verdade. Tolerai e perdoai…” (Alcorão 2:109)
O profeta Muhammad suportou pacientemente a perseguição e abuso que sofreu ao chamar as pessoas para a verdade do Islã. Os idólatras, os pagãos e os hipócritas debochavam dele, o insultavam, não acreditaram nele e abusaram dele. Foi chamado de mentiroso e mágico, vidente e louco, mas isso não o impediu de transmitir sua mensagem. Deus havia avisado o profeta Muhammad de que muitos o ignorariam, abusariam e não acreditariam nele.
“Sê perseverante, porque a promessa de Deus é inexorável. Que não te abatem aqueles que não creem (na tua firmeza).” (Alcorão 30:60)
Ao transmitir a mensagem o profeta Muhammad nunca perdeu sua paciência ou se comportou de maneira violenta. Nunca elevou sua voz ou olhou para eles com desdém. Se se engajava em um debate ou argumento, o fazia de maneira calma e inteligente.
“Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação e dialoga com eles de maneira benevolente.” (Alcorão 16:125)
“E não disputeis com os adeptos do Livro (judeus e cristãos), senão da melhor forma, exceto com os iníquos, dentre eles. Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos.” (Alcorão 29:46)
Quando o profeta Muhammad falava aos seus companheiros sobre transmitir a mensagem, sempre se preocupava com o comportamento deles. Ao enviar companheiros aos judeus e cristãos no Iêmen, aconselhou-os: “Facilitem e não sejam duros. Deem as boas novas e não afastem as pessoas.”[2] Além disso, Deus proibiu qualquer um de iniciar insultos ou responder a palavras ríspidas sobre a mensagem com insultos.
“Não injurieis o que invocam, em vez de Deus, a menos que eles, em sua ignorância, injuriem iniquamente Deus.” (Alcorão 6:108)
O profeta Muhammad e os que transmitem a mensagem são ordenados por Deus a não se comportarem mal, independente da provocação. Deus diz para não insultar, não responder e, além disso, nos é dito que nos afastemos dos ignorantes. O profeta Muhammad fez exatamente o que lhe foi ordenado – transmitir a mensagem e suportar pacientemente o escárnio, perdoá-los e se afastar dos ignorantes.
“Se os convocardes para a Orientação, não vos ouvirão; e tu (ó Mensageiro) verás que olham para ti, embora não te vejam. Conserva-te indulgente, encomenda o bem e foge dos insipientes.” (Alcorão 7:198-199)
“Tolera, pois (ó Mensageiro), o que dizem os incrédulos…” (Alcorão 20:130)
A paciência do profeta ao transmitir a mensagem era interminável. Nunca se cansava de falar às pessoas, muçulmanas e não muçulmanas, sobre a religião do Islã. Sua sinceridade era óbvia e ele nunca se engajou em argumentos ou debates inúteis destinados ao desastre. Tratava bem as pessoas, com gentileza e compaixão, fazia vista grossa para suas falhas e mau comportamento e, quando tudo falhava, se afastava. Violência, raiva e grosseria nunca foram parte do seu método, nem eram parte do seu caráter. Mostrava paciência em face de adversidade e gentileza diante de tratamento ríspido.