- Por Aisha Stacey (© 2012 IslamReligion.com)
Descrição: A cena está definida e a criança nasce.
Tanto no Judaísmo quanto no Cristianismo Moisés é uma figura central. É o homem do Velho Testamento mais mencionado no Novo Testamento, liderou os israelitas para saírem da escravidão no Egito, se comunicou com Deus e recebeu os Dez Mandamentos. Moisés é conhecido como líder religioso e legislador.
No Islã Moisés é amado e respeitado; é um profeta e um mensageiro. Deus o menciona mais de 120 vezes e sua história atravessa vários capítulos. É a história mais longa e detalhada de um profeta no Alcorão e é discutida em detalhes elaborados.
A palavra profeta (nabi, em árabe) é derivada da palavra naba, que significa novas. A mensagem de Deus é revelada e o profeta espalha a notícia entre seu povo. Um mensageiro, por outro lado, vem com uma missão específica, geralmente transmitir um novo mandamento de Deus. Todo mensageiro é um profeta, mas nem todo profeta é um mensageiro.
O Islã ensina que todos os profetas vieram para seu povo com a mesma proclamação: “Ó povo meu, adorai a Deus, porque não tereis outra divindade além d’Ele.” (Alcorão 11:50). Moisés chamou os filhos de Israel para adorarem somente a Deus e estabeleceu as leis prescritas no Torá.
“Revelamos a Tora, que encerra Orientação e Luz, com a qual os profetas, submetidos a Deus, julgam os judeus, bem como os rabinos e os doutos, aos quais estavam recomendadas a observância e a custódia do Livro de Deus. Não temais, pois, os homens, e temei a Mim, e não negocieis as Minhas leis a vil preço. Aqueles que ao julgarem, conforme o que Deus tem revelado, serão incrédulos.” (Alcorão 5:44)
O Alcorão é um livro de orientação para toda a humanidade. Não é um livro de história; entretanto, contém informação histórica. Deus nos pede para refletirmos e contemplarmos as histórias dos profetas para que possamos aprender a partir de seus testes, tribulações e triunfos. A história de Moisés contém muitas lições para a humanidade. Deus diz que o relato de Moisés e do faraó no Alcorão é verdadeiro. É uma história de intriga política e de opressão que não conheceu limites.
“Em verdade, relatar-te-emos, algo da história de Moisés e do Faraó (e também) ao povo crente. É certo que o Faraó se envaideceu, na terra (do Egito) e dividiu em castas o seu povo; subjugou um grupo deles, sacrificando-lhes os filhos e deixando com vidas as suas mulheres. Ele era um dos corruptores.” (Alcorão 28:3-4)
Moisés nasceu em um dos momentos mais carregados politicamente na história. O faraó do Egito era a figura de poder dominante na terra. Era tão incrivelmente poderoso que se referia a si mesmo como um deus e ninguém estava inclinado ou era capaz de questionar isso. Dizia: “Sou o vosso senhor supremo!” (Alcorão 79:24)
O faraó exercia sua autoridade e influência sobre todas as pessoas no Egito sem esforço. Usava a estratégia de dividir e conquistar. Estabeleceu distinções de classes, dividiu o povo em grupos e tribos e colocou-os uns contra os outros. Os judeus, os filhos de Israel, estavam no nível mais baixo da sociedade egípcia. Eram os escravos e servos. A família de Moisés era dos filhos de Israel.
O Egito na época era o superpoder conhecido do mundo. O poder supremo estava nas mãos de uns poucos. O faraó e seus ministros de confiança administravam os assuntos como se as vidas da população tivesse pouca ou nenhuma consequência. A situação política era de algumas maneiras semelhante ao mundo político do século 21. Em uma época em que os jovens do mundo são usados como bucha de canhão para jogos políticos e militares dos mais poderosos, a história de Moisés é particularmente pertinente.
De acordo com o sábio muçulmano Ibn Kathir, os filhos de Israel falavam vagamente sobre os filhos de sua nação tomar o trono do Egito do faraó. Talvez fosse apenas um sonho persistente de um povo oprimido ou até mesmo uma antiga profecia, mas a história de Moisés começa aqui. Uma ânsia por liberdade associada com o sonho de um rei tirânico.
O povo do Egito era influenciado por sonhos e a interpretação de sonhos. Os sonhos se destacam na história do profeta José e, mais uma vez, na história de Moisés o destino dos filhos de Israel é afetado por um sonho. O faraó sonha que uma criança dos filhos de Israel se torna adulta e toma seu trono.
Fiel ao seu caráter, o faraó reage arrogantemente e dá a ordem de que todos os meninos nascidos dos filhos de Israel sejam mortos. Seus ministros, entretanto, perceberam que isso levaria à aniquilação completa dos filhos de Israel e à ruína econômica do Egito. Como, se perguntavam, o império funcionaria sem servos e escravos? A ordem foi mudada; os meninos são mortos em um ano, mas poupados no ano seguinte.
O faraó se torna tão fanático que envia espiões ou agentes de segurança para procurar mulheres grávidas. Se qualquer mulher desse à luz a um menino, ele era imediatamente morto. Quando a mãe de Moisés ficou grávida da criança destinada a libertar os filhos de Israel da escravidão, ela ocultou sua gravidez. Entretanto, Deus quis conceder um favor aos fracos e oprimidos e os planos do faraó foram frustrados.
“E quisemos agraciar os subjugados na terra, designando-os imames e constituindo-os herdeiros. E os arraigando na terra, para mostrarmos ao Faraó, a Haman (ministro-chefe do Egito) e seus exércitos, o que temiam.” (Alcorão 28:5-6)
A cena está definida e a criança nasce. Os ventos de mudança começam a soprar e Deus demonstra que os humanos podem planejar e tramar, mas somente Ele é o melhor dos planejadores.
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