A BELEZA E ELOQUÊNCIA DO ALCORÃO (PARTE 2 DE 2)

  • Por Munir Munshey
  • Descrição: Em uma época em que a eloquência era perfeitamente competitiva, foi revelado o Alcorão de explicação milagrosa.  Parte 2.

  • The_Beauty_and_Eloquence_of_the_Quran_(part_2_of_2)_por-BR_001.jpgA poesia deve sua atração e brilho a mentiras e ficção.  O poeta deixa sua imaginação solta, que vagueia desenfreada para além do reino da realidade.  Quanto mais ele se deixa levar por sua imaginação, mais belo é seu poema.  Quanto mais ele voa para o território da fantasia, mais fantasiosa e fabulosa é sua ficção.  A verdade é a primeira vítima de sua excursão para o território da fantasia.  As frases são seus brinquedos e a ficção é seu lugar de brincadeiras.  As palavras são suas ferramentas e sua oficina o salão de beleza, onde o que é simples torna-se sensual e sensacional e os fatos simples são vestidos para parecerem bonitos e apresentáveis.  Palavras belas e apropriadas são sua profissão e seu objetivo é provocar a imaginação de sua audiência.  Planeja mergulhar seus ouvintes em uma arena de ilusão, o mundo irreal e etéreo. 

    O exagero é a especialidade do poeta, seu chamado especial.  Até um simples sorriso é um voo de fantasia para um poeta.  Estica a verdade até o limite, até que se torne uma mentira.  Com um pouco de embelezamento transforma um evento brando em um conto tentador.  Se a verdade não lhe agrada, segue adiante para diluir o efeito do fato.  Se o fato não se adequa à sua fantasia e o mistura com uma dose de mito, tirando o fato de foco.  Com palavras, pode tricotar um escudo para desviar o fato.  Assim, ele trivializa a verdade.  Torcerá e distorcerá as palavras e atacará a verdade até que produza o significado que deseja.  Cobre a verdade com camadas de interpretações até que a verdade torne-se uma estranha.  Com o uso hábil de palavras, pode batizar uma ficção e também ficcionalizar um fato.   Circula mentiras ao envolvê-las com camadas de fatos conhecidos e irrefutáveis.  Empresta credibilidade e respeito a suposições infundadas ao cercá-las de fatos respeitados.  A falsidade, assim, é fortalecida.  O texto poético é a prioridade de um poeta e seu talento consiste de frases fantasiosas, não de verdade.  A poesia agrada a estética e o intelecto, mas não é verdade.  Sobre os poetas, o Alcorão diz:

    ” E os poetas que seguem os insensatos. Não tens reparado em como se confundem quanto a todos os vales? E em que dizem o que não fazem?” (Alcorão 26: 224-226)

    ” E não instruímos (o Mensageiro) na poesia, porque não é própria dele.  O que lhe revelamos não é senão uma Mensagem e um Alcorão lúcido.” (Alcorão 36:69)

    Que este (Alcorão) é a palavra do Mensageiro honorável.  E não a palavra de um poeta. – Quão pouco credes-  Nem tampouco é a palavra de um adivinho. Quão pouco meditais! (Esta) é uma revelação do Senhor do Universo.  (Alcorão 69: 40-43)

    A diferença entre ele e o trabalho dos poetas, escritores e filósofos não é apenas de grau ou qualidade, mas também de caráter e classe.  Não se rebaixou ao modelo terreno de distorção e desonestidade.  Ao contrário, engrandeceu e higienizou os padrões de literatura e a introduziu em um novo patamar.  Impôs um requisito mais difícil para o padrão literário e exigiu honestidade e precisão absolutas.  Recusou-se a unir-se à ficção e à arte de ficcionalização de fatos e desdenhou o exagero.  Não ganhou fazendo uso das formas e meios dos outros trabalhos literários. 

    Os gigantes literários conhecem as normas de gramática e dicção.  Ainda assim, não podem atender à regra estabelecida pelo Alcorão.  Estão em desvantagem porque sua competência não tem valia sem falsidade e ficção.  Se o exagero fosse removido de seus trabalhos, não sobraria muito.  Não conseguem imaginar a poesia sem um grau de mentiras e embelezamentos.  Assim, o Alcorão tirou as restrições dos fatos e liberou a verdade das garras de seus captores – os poetas, escritores e filósofos do passado, presente e futuro.  Expôs suas espertezas.  Quando se trata de assuntos que pertencem a esse mundo, conhecem os fatos, mas nem sempre escolhem ser honestos e precisos.  Entretanto, quando se trata de assuntos do além túmulo, são de fato charlatães que se apoiam em suposições e conjecturas.

    Sua maioria não faz mais do que conjecturar,  e a conjectura jamais prevalecerá sobre a verdade;   Deus bem sabe tudo quanto fazem!  (Alcorão 10: 36)

    “Se obedeceres à maioria dos seres da terra, eles desviar-te-ão da senda de Deus,  porque não professam mais do que a conjectura e não fazem mais do que inventar mentiras.ˮ (Alcorão 6: 116)

    O Alcorão desafiou as normas aceitas de literatura e alcançou a eloquência e eminência sem recorrer a qualquer tipo de exagero.  Por causa disso, cada clássico literário criado em qualquer período da história e em qualquer idioma do mundo, recairia em uma classe inferior àquela do Alcorão.  Tem um caráter único que é todo seu.  Apresenta os fatos de forma clara e meticulosamente adere à narração precisa.  Mesmo quando cita uma parábola, a comparação nunca é enganosa e não distorce a verdade.  As palavras e frases que usa trazem a verdade inalterada.  Jura dizer nada além da verdade.  A precisão é sua prioridade e todo o seu texto pode ser aceito literalmente.  O tratado científico deve igualmente exato.  Sua adesão à precisão quando se trata de assuntos que pertencem a esse mundo, infunde fé e confiança nos crentes.  São convencidos de que os eventos programados para ocorrer além da morte também são retratados com a mesma exatidão e precisão e sem exageros.  A razão pela qual o Alcorão permaneceu incomparável em substância e estilo é tratar-se da absoluta verdade.  Diz a seu próprio respeito:

    “Tais são os versículos de Deus que realmente te ditamos,  porque és um dos mensageiros.” (Alcorão 2:252)

    Ele te revelou (ó Muhammad) o Livro (paulatinamente) com a verdade corroborante dos anteriores,   assim como havia revelado a Tora e Evangelho.  (Alcorão 3:3)

    “Alif, Lam, Meem, Ra.  Estes são os versículos do Livro. O que te foi revelado por teu Senhor é a pura verdade; porém, a maioria dos humanos não crê nisso.ˮ (Alcorão 13:1)

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