- Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
Descrição: O monoteísmo é o caminho para a salvação no Islã.
Na parte 1 dessa série “Salvação no Islã”, aprendemos que a salvação é alcançada pela adoração do Deus Único. Adoramos somente a Ele e seguimos Seus mandamentos. Também aprendemos que o Islã não reconhece o conceito de pecado original e que os muçulmanos acreditam que todas as pessoas nascem livres de pecado. No artigo a seguir discutiremos o conceito cristão de expiação, ou seja, Jesus morrer pelos pecados da humanidade, e descobriremos que esse conceito é totalmente rejeitado no Islã. Salvação no Islã é através do tawhid, o monoteísmo.
Tawhid é uma palavra árabe que significa unicidade e quando falamos sobre tawhid em relação a Deus, significa perceber e afirmar a unicidade de Deus. É a crença de que Deus é Único, sem parceiros ou associados. Não há nenhuma divindade merecedora de adoração exceto Allah e essa é a base do Islã. Professar essa crença junto com a crença de que Muhammad é Seu mensageiro é o que torna uma pessoa muçulmana. Acreditar no tawhid com certeza é o que garante a salvação.
“Dize (Ó Muhammad):Ele é Allah, o Único.Allah, o Absoluto, o Eterno.Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!” (Alcorão 112)
“Verdadeiramente!Sou Allah!Não existe deus a ser adorado exceto Eu, adorai-Me.” (Alcorão 20:14)
“Ele (Deus) é o Originador dos céus e da terra! Como pode Ele ter tido um filho quando Ele não teve companheira? Que criou tudo o que existe, e é Onisciente? Tal é Deus, vosso Senhor! Não há mais divindade além d’Ele, Criador de tudo! Adorai-O, pois porque é o Guardião de todas as coisas. A visão não O alcança, mas Ele alcança todas as visões. Ele é o Onisciente, o Sutilíssimo.” (Alcorão 6:101-103)
Os muçulmanos adoram somente a Deus, sem quaisquer intermediários. Não tem parceiros, filhos, filhas ou ajudantes. A adoração é direcionada somente a Deus, porque Ele é o único merecedor de adoração. Não há nada maior que Deus.
A crença cristã de que Jesus é o filho de Deus ou o próprio Deus está em oposição direta ao tawhid. O conceito de uma trindade, Pai, Filho, e Espírito Santo também é firmemente rejeitado pelo Islã. A ideia de que Jesus expiou (ou salvou nossas almas) ao morrer é um conceito completamente oposto à crença islâmica.
“Ó povo do Livro (cristãos e judeus)! Não vos excedais nos limites de vossa religião, e não digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, era apenas o Mensageiro de Deus, e Seu Verbo que Ele colocou sobre Maria, e um Espírito vindo Dele. Crede, pois, em Deus e em Seus mensageiros. E não digais: Trindade! Abstende-vos disso, que será melhor para vós; sabei que Deus é Uno. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho. A Ele pertence tudo que está nos céus e na terra. E Deus é mais do que suficiente Guardião.” (Alcorão 4:171)
A ideia de Jesus morrer na cruz é o centro da crença cristã. Representa a convicção de que Jesus morreu pelos pecados da humanidade. Em outras palavras, os pecados de uma pessoa foram “pagos” por Jesus e se é livre para fazer o que quiser, porque no final se obterá a salvação pela crença em Jesus. Isso é absolutamente rejeitado no Islã.
Não é necessário que Deus, ou mesmo um profeta de Deus, se sacrifique pelos pecados da humanidade para comprar o perdão. O Islã recusa totalmente essa visão. A base do Islã reside em saber com certeza que nada deve ser adorado, exceto Deus. O perdão emana do Deus Único e Verdadeiro e, assim, quando uma pessoa busca perdão, deve se voltar para Deus em submissão com remorso verdadeiro e pedir perdão, prometendo não repetir o pecado. Somente então os pecados serão perdoados pelo Deus Todo-Poderoso.
O Islã ensina que Jesus não veio para expiar os pecados da humanidade. Seu propósito era reafirmar a mensagem dos profetas antes dele.
Ninguém tem o direito a ser adorado exceto Deus, o Único e Verdadeiro Deus…” (Alcorão 3:62)
A crença islâmica sobre a crucificação e morte de Jesus é clara. Ele não morreu para expiar os pecados da humanidade. Havia uma conspiração para crucificar Jesus, mas isso não aconteceu. Ele não morreu e sim ascendeu aos céus. Nos últimos dias que antecedem ao Dia do Juízo, Jesus retornará a esse mundo e continuará a propagar a crença na unicidade de Deus. O Alcorão nos conta que no Dia do Juízo Jesus negará ter pedido às pessoas para adorá-lo em vez de, ou junto com Deus.
“E recordar-te de quando Deus disse: Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem disseste aos homens: Tomai a mim e a minha mãe por duas divindades, em vez de Deus? Respondeu: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não me corresponde. Se tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a natureza da minha mente‑, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és Conhecedor‑ do incognoscível. Não lhes disse senão o que me ordenaste – adorai a Deus, meu Senhor e vosso Senhor.E fui testemunha deles enquanto permaneci entre eles. Então, quando findaste meus dias na terra, Tu foste, sobre eles, O Observante.” Alcorão 5:116-117)
Deus nos diz no Alcorão que só existe um pecado imperdoável e que é alguém morrer tendo associado parceiros a Deus sem ter se arrependido antes da morte.
“Deus jamais perdoará a quem Lhe atribuir parceiros; porém, fora disso, perdoa a quem Lhe apraz. Quem atribuir parceiros a Deus cometerá um pecado ignominioso.” (Alcorão 4:48)
Em suas tradições o profeta Muhammad, que Deus o exalte, nos informou que Deus disse: “Sou autossuficiente e não preciso ter um associado. Quem fizer uma ação em nome de outro e também em Meu nome, terá aquela ação rejeitada por Mim para aquele com quem Me associaram”.[1]
Entretanto, mesmo o pecado grave de associar parceiros a Deus pode ser perdoado se a pessoa verdadeiramente se volta para Deus, com sinceridade e total arrependimento.
“Somos Indulgentíssimo para com o crente, arrependido, que pratica o bem e se encaminha.” (Alcorão 20:82)
“Dize aos descrentes que, no caso de se arrependerem, ser-lhes-á perdoado o passado.” (Alcorão 8:38)
Todo ser humano pode alcançar a salvação adorando o Deus Único. Ficar conectado a Deus e se arrepender dos erros e pecados é a estrada para a salvação. No próximo artigo falaremos sobre as condições para o arrependimento.