- Por Aisha Stacey (© 2012 IslamReligion.com)
Descrição: Deus é a única fonte de alívio para aqueles em aflição.
O profeta Jonas[1] foi enviado para uma comunidade no Iraque. O renomado sábio muçulmano Ibn Kathir a chama de Nínive. Como é o caso com todos os profetas de Deus, Jonas veio a Nínive para conclamar as pessoas a adorarem o Deus Único. Falou de um Deus livre de quaisquer parceiros, filhos, filhas ou coiguais e implorou às pessoas para que parassem de adorar ídolos e adotarem mau comportamento. Entretanto, as pessoas se recusaram a ouvir e tentaram ignorar Jonas e suas palavras de advertência. Achavam o profeta Jonas irritante.
A conduta de seu povo exasperou Jonas e ele decidiu partir. Fez um alerta final de que Deus puniria seus comportamentos arrogantes, mas as pessoas zombaram e disseram que não estavam com medo. O coração de Jonas se encheu de raiva por esse povo tolo. Decidiu deixá-los à sua inevitável miséria. Jonas reuniu uns poucos pertences e decidiu se afastar o máximo possível do povo que tinha passado a desprezar.
“E (recorda-te) de Dun-Num (Jonas) quando partiu, bravo …” (Alcorão 21:87)
Ibn Kathir descreve a cena em Nínive imediatamente após Jonas partir. O céu começou a mudar de cor e se tornou vermelho como o fogo. As pessoas se encheram de medo e compreenderam que estavam a poucos momentos da destruição. Toda a população de Nínive se reuniu no topo de uma montanha e implorou pelo perdão de Deus. Deus aceitou seu arrependimento e removeu a ira que pairava sobre suas cabeças. O céu voltou ao normal e as pessoas voltaram para suas casas. Oraram para que Jonas voltasse e os guiasse para a senda reta.
Enquanto isso, Jonas tinha subido a bordo de um barco na esperança de que o levaria tão longe quanto possível de seu povo negligente. O barco e seus muitos passageiros partiram para os mares calmos. Quando a escuridão os cercou, o mar mudou repentinamente. O vento começou a soprar violentamente e começou uma tempestade de grande magnitude. O barco estremeceu e pareceu que se partiria em pedaços. As pessoas se amontoaram na escuridão e decidiram jogar suas bagagens no mar, mas não fez diferença. O vento soprou e o barco estremeceu. Os passageiros decidiram que o peso contribuía para seu dilema e decidiram tirar a sorte para jogar um dos passageiros no mar.
As ondas estavam da altura de montanhas e a terrível tempestade lançava o barco para cima e para baixo, como se fosse tão leve quanto um palito de fósforo. Era uma tradição dos navegantes tirarem a sorte escrevendo todos os nomes para sortear uma pessoa a ser jogada ao mar. O nome sorteado foi o de Jonas, mas as pessoas ficaram intimidadas. Jonas era conhecido por ser um homem devoto e virtuoso e não queriam jogá-lo no mar revolto. Tiraram a sorte mais duas vezes, mas em ambas o nome sorteado foi o de Jonas.
Jonas, o profeta de Deus, sabia que isso não era aleatório. Compreendeu que estava em seu destino como predeterminado por Deus e, então, olhou para os passageiros e se jogou para fora do barco. Os passageiros ficaram horrorizados quando Jonas caiu na água e foi abocanhado pelas enormes mandíbulas de um peixe gigante.
Quando Jonas recobrou a consciência, pensou que estivesse morto e deitado na escuridão de seu túmulo. Tateou ao seu redor e percebeu que não estava em um túmulo, mas na barriga do peixe gigante. Estava com medo. Sentiu seu coração bater apressado no peito e quase sair pela garganta em cada respiração. Jonas estava sentado em sucos digestivos fortes e ácidos que digeriam sua pele e ele apelou a Deus. Na escuridão do peixe, na escuridão do mar e na escuridão da noite Jonas elevou sua voz e evocou sua aflição a Deus.
“Não há mais divindade do que Tu! Glorificado sejas! É certo que me contava entre os iníquos!” (Alcorão 21:87)
Jonas continuou orando e repetindo sua súplica a Deus. Percebeu seu erro e implorou pelo perdão de Deus. O profeta Muhammad nos conta que os anjos são atraídos pela humanidade lembrando de Deus. Foi o que aconteceu com o profeta Jonas; os anjos ouviram seu lamento na escuridão e reconheceram sua voz. Conheciam o profeta Jonas e seu comportamento honrado em face de adversidade. Os anjos se aproximaram de Deus dizendo: “Não é o som de seu servo virtuoso”?
Deus respondeu: sim. Deus ouviu o chamado de Jonas e o salvou de sua aflição. Jonas lembrou-se de Deus em tempos de facilidade e, assim, Deus lembrou-Se de Jonas em tempos de aflição. A súplica que Jonas usou pode ser repetida por qualquer um em tempos de aflição. Deus disse no Alcorão que salvou Jonas e, assim, salvará os crentes. (Alcorão 21:88)
Ao comando de Deus o peixe gigante foi à superfície e ejetou Jonas próximo à costa. O corpo de Jonas tinha sido queimado pelos sucos digestivos; sua pele não podia protegê-lo do sol e do vento. Jonas sentia dores e continuou a clamar por proteção. Continuou a repetir sua súplica e Deus fez com que uma árvore crescesse sobre ele para oferecer proteção dos elementos e prover Jonas com alimento. À medida que Jonas lentamente ficou bem de novo, percebeu que precisava retornar ao seu povo e continuar o trabalho que Deus tinha determinado para ele.
“E também Jonas foi um dos mensageiros. O qual fugiu num navio carregado. E se lançou à deriva, e foi desafortunado. E uma baleia o engoliu, porque era repreensível. E se não se tivesse contado entre os glorificadores de Deus, teria permanecido em seu ventre até ao dia da Ressurreição. E o arranjamos, enfermo, a uma praia deserta, e fizemos crescer, ao lado dele, uma aboboreira. E o enviamos a cem mil (indivíduos) ou mais. E creram nele, e lhes permitimos deleitarem-se por algum tempo.” (Alcorão 37:139-148)
Quando Jonas se recuperou, retornou para Nínive e ficou surpreso com a mudança em seu povo. Informaram a Jonas de seu temor quando o céu se tornou vermelho sangue e como se reuniram na montanha para implorar o perdão de Deus. Jonas viveu entre seu povo e ensinou-lhes a adorar o Deus Único e viver vidas de devoção e virtude e mais de 100.000 pessoas morando em Nínive viveram em tranquilidade… por um tempo.
A história do profeta Jonas nos ensina a ter paciência, especialmente em face de adversidade. Ensina-nos a lembrar de Deus nos bons e maus momentos. Ensina-nos a lembrar de Deus nessa vida para que Ele se lembre de nós quando morrermos. Se lembrarmos de Deus quando jovens, Ele lembrará de nós quando estivermos velhos e se lembramos de Deus quando estivermos com saúde, Ele lembrará de nós quando estivermos doentes, tristes ou cansados. A aflição só pode ser aliviada voltando-se para Deus com sinceridade.
FOOTNOTES:
[1]Baseado no trabalho do Imame Ibn Kathir, The Stories of the Prophets (As Histórias dos Profetas).