- Por Aisha Stacey (© 2010 IslamReligion.com)
Descrição: Pela permissão de Deus, Moisés derrota os mágicos.
O Alcorão narra várias conversas entre Moisés e o faraó. Um dos relatos mais detalhados está no capítulo 26, intitulado “Os Poetas”. Moisés fala de maneira gentil ao faraó sobre Deus, Sua misericórdia e Seu Paraíso, mas o faraó reage com desdém e arrogância. Lembra a Moisés de seu crime passado e que deve ser grato por ter crescido no palácio entre luxo e riqueza. Moisés se justifica dizendo que cometeu o crime de matar um homem inocente quando era ignorante; destaca que cresceu no palácio somente porque era incapaz de viver com sua própria família devido à matança indiscriminada, promovida pelo faraó, de bebês do sexo masculino.
“Moisés lhe disse: Cometi-a quando ainda era um dos tantos extraviados. Assim, fugi de vós, porque vos temia; porém, meu Senhor me agraciou com a prudência, e me designou como um dos mensageiros. E por esse favor, do qual me exprobras, escravizaste os israelitas?
Perguntou-lhe o Faraó: E quem é o Senhor do Universo?
Respondeu-lhe Moisés: É o Senhor dos céus e da terra, e de tudo quanto há entre ambos, se queres saber.
O Faraó disse aos presentes: Ouvistes?
Moisés lhe disse: É teu Senhor e Senhor dos teus primeiros pais!
Disse (o Faraó): Com certeza, o vosso mensageiro é um energúmeno.
(Moisés) disse: É o Senhor do Oriente e do Ocidente, e de tudo quanto existe entre ambos, caso raciocineis!
Disse-lhe o Faraó: Se adorares a outro deus que não seja eu, far-te-emos prisioneiro!
Moisés (lhe) disse: Ainda que te apresentasse algo convincente?
Respondeu-lhe (o Faraó): Apresenta-o, pois, se és um dos verazes!” (Alcorão 26:20-31)
O faraó começou a ironizar Moisés, acusando-o de ser ingrato e, finalmente, o ameaçou. Durante esse período histórico, muitas pessoas no Egito praticavam a magia. Existiam até escolas que davam aulas de mágica e ilusionismo. O faraó tirou a conclusão errada, pensando que os sinais manifestos que Moisés apresentou pela permissão de Deus eram truques de mágica e ilusionismo.
Quando Moisés jogou seu cajado e ele se tornou uma serpente deslizando pelo chão e quando tirou a mão de seu manto e reluzia branca e brilhante, o faraó presumiu que Moisés tinha aprendido a arte do ilusionismo. Ibn Kathir narra que o faraó prendeu Moisés e Aarão enquanto despachava emissários através do Egito convocando todos os mágicos ao palácio. O faraó prometeu aos mágicos prestígio e dinheiro em retorno por seus truques. Uma competição foi organizada entre Moisés e os mágicos egípcios.
O faraó estava confiante que seus mágicos eram imbatíveis. Ele os vinha usando há tempos para influenciar os corações e mentes do povo. O faraó usava seus truques e ilusões para dominar e controlar seus súditos. Moisés pode estabelecer o dia para a competição e escolheu um dia festivo costumeiro. As ruas estavam lotadas de pessoas e o poder e força de Deus seria visível para todos. Haveria exposição máxima para a verdade das palavras de que não existe ninguém merecedor de adoração, exceto Deus.
“Ó Moisés, vens, acaso, para nos expulsar das nossas terras com a tua magia? Em verdade, apresentar-te-emos uma magia semelhante. Fixemos, pois, um encontro em um lugar eqüidistante (deste), ao qual nem tu, nem nós faltaremos.
Disse-lhe (Moisés): Que a reunião se celebre no Dia do Festival, em que o povo é congregado, em plena luz da manhã.” (Alcorão 20:57-59)
Moisés pediu aos mágicos que se apresentassem primeiro. É narrado que até 70 mágicos se alinharam. Os mágicos jogaram seus cajados e cordas em nome do faraó e o solo tornou-se um mar de serpentes, se retorcendo e deslizando. A multidão olhava maravilhada. Moisés estava com medo, mas era perseverante e seguro de que Deus o protegeria e facilitaria a tarefa. Deus o cobriu de tranquilidade e orientou Moisés a jogar seu cajado.
O cajado de Moisés se transformou em uma enorme serpente que rapidamente devorou as serpentes ilusórias que cobriam o solo. A multidão se levantou como uma grande onda, aplaudindo e gritando por Moisés. Os mágicos ficaram atônitos. Eram muito hábeis na arte da magia e ilusionismo, porque eram os melhores mágicos no mundo na época, mas sua magia era apenas um truque. Os mágicos sabiam que a serpente de Moisés era real. Coletivamente se prostraram declarando sua crença no Senhor de Moisés e Aarão.
“Assim os magos se prostraram, dizendo: Cremos no Senhor de Aarão e de Moisés! Disse (o Faraó): Credes n’Ele sem que eu vo-lo permita? Certamente ele é o vosso líder e vos ensinou a magia. Juro que vos amputarei a mão e o pé de lados opostos e vos crucificarei em troncos de tamareiras; assim, sabereis quem é mais severo e mais persistente no castigo. Disseram-lhe: Por Quem nos criou, jamais te preferiremos às evidências que nos chegaram! Faze o que te aprouver, tu somente podes condenar-nos nesta vida terrena. Nós cremos em nosso Senhor, Que talvez perdoe os nossos pecados, bem como a magia que nos obrigastes a fazer, porque Deus é preferível e mais persistente.” (Alcorão 20:70-73)
Os mágicos começaram o dia como descrentes, corruptos e interessados somente em riqueza e fama; entretanto, dentro de poucas horas tinham reconhecido a verdade. Viram com seus próprios olhos a onipotência de Deus e se arrependeram de seus comportamentos errados. Deus é misericordioso e Ele perdoará aqueles que se voltarem para Ele com arrependimento sincero e humilde.
Moisés e Aarão deixaram a competição. Os mágicos, como foi dito, foram executados e seus corpos pendurados nas praças e mercados para ensinar uma lição ao povo. O faraó voltou ao seu palácio e seu ódio cresceu. Discutiu com seus ministros e conselheiros. Despachou-os e depois convocou-os à sua presença. Voltou-se para o ministro-chefe e disse: “Sou um mentiroso, Haman?” O faraó tinha construído seu reino no fato de que era um deus; o que faria agora que Moisés tinha revelado que não havia deus, exceto o Deus único?
“O Faraó disse: Ó Haman, constrói-me uma torre, para eu poder alcançar as sendas, as sendas do céu, de maneira que possa ver o Deus de Moisés, conquanto eu creia que é mentiroso! Assim, foi abrilhantada ao Faraó a sua má ação, e ele foi desencaminhado da senda reta; e as conspiração do Faraó foram reduzidas a nada.” (Alcorão 40:36-37)