Por Aisha Stacey (© 2015 IslamReligion.com)
Descrição: José recebe uma profecia e a inveja leva o melhor de seus irmãos.
Essa é uma história de intriga e engodo, de inveja, orgulho e paixão… e não é The Bold and the Beautiful. É uma saga de paciência, lealdade, bravura e compaixão e não é Dr. Phil ou Oprah. É a história do profeta José, que Deus o cubra com Seus louvores. O mesmo José conhecido da produção de Andrew Lloyd Webber – José e seu maravilhoso manto tecnicolor – e das tradições judaicas e cristãs. Deus revelou essa história ao profeta Muhammad quando um israelita pediu a ele para contar o que sabia sobre José.[1] As histórias no Alcorão geralmente são contadas em pequenos trechos e distribuídas em vários capítulos. A história de José, entretanto, é única. Foi revelada em um capítulo, do início ao fim. É a história e experiência completas do profeta José. Aprendemos sobre as alegrias, dificuldades e tristezas de José e caminhamos com ele pelos anos de sua vida enquanto ele se arma com piedade e paciência e, no fim, emerge vitorioso. A história de José começa com um sonho e termina com a interpretação do sonho.
“Nós te relatamos a mais formosa das narrativas, ao inspirar-te este Alcorão, se bem que antes disso eras um dos desatentos.” (Alcorão 12:3)
Infância de José
José era um menino bonito, feliz e muito amado por seu pai. Acordou uma manhã excitado com um sonho e correu direto para seu pai, explicando com felicidade o que tinha visto no sonho. O pai de José ouviu com atenção seu amado filho e seu rosto brilhou de alegria, porque José relatou um sonho que falava do cumprimento de uma profecia. José disse:
“Ó pai, vi, em sonho, onze estrelas, o sol e a lua; vi-os prostrando-se ante mim.” (Alcorão 12:4)
José era um dos 12 irmãos cujo pai era o profeta Jacó e cujo tataravô era o profeta Abraão. Essa profecia falava sobre manter a mensagem de Abraão de adorar ao Verdadeiro e Único Deus vivo. O neto do profeta Abraão, Jacó, interpretou o sonho como se José seria aquele que carregaria a “Luz da casa de Deus” [2] Entretanto, tão rapidamente quanto surgiu no rosto de Jacó, a alegria se foi e ele implorou ao filho que não contasse seu sonho aos irmãos. Jacó disse:
“Ó filho meu, não relates teu sonho aos teus irmãos, para que não conspirem astutamente contra ti. Fica sabendo que Satanás é inimigo declarado do homem. E assim teu Senhor te elegerá e ensinar-te-á a interpretação das histórias e te agraciará com a Sua mercê, a ti e à família de Jacó, como agraciou anteriormente teus avós, Abraão e Isaque, porque teu Senhor é Sapiente, Prudentíssimo.” (Alcorão 12:5-6)
Jacó sabia que seus filhos (irmãos de José) não aceitariam a interpretação desse sonho ou a ascensão de José em relação a eles. Jacó estava tomado pelo temor. Os dez irmãos mais velhos já tinham ciúmes do irmão mais novo. Reconheciam a afeição particular do pai por ele. Jacó era um profeta, um homem dedicado à submissão ao Verdadeiro e Único Deus e tratava sua família e sua comunidade com justiça, respeito e amor equitativo. Entretanto, seu coração era atraído para as qualidades gentis evidentes em seu filho José. José também tinha um irmão mais novo chamado Benjamim, que, nessa etapa da história, era muito jovem para se envolver em qualquer trapaça e engodo.
Enquanto os profetas e homens virtuosos estão ansiosos para propagar a mensagem de submissão a Deus, Satanás espera para atiçar e incitar a humanidade. Ama a trapaça e o engodo e agora semeava as sementes da discórdia entre Jacó e seus irmãos mais velhos. A inveja que os irmãos sentiam de José cegou seus corações, desorientou seus pensamentos e fez pequenas coisas parecerem intransponíveis e coisas importantes parecerem insignificantes. José ouviu o aviso de seu pai e não falou sobre seu sonho com os irmãos, mas mesmo assim eles ficaram obcecados e tomados pela inveja. Sem saber sobre o sonho de José, desenvolveram um plano para matá-lo.
José e Benjamim eram os filhos da segunda esposa de Jacó. Os mais velhos se consideravam homens. Eram mais velhos, mais fortes e viam em si mesmos muitas qualidades boas. Cegos pelos ciúmes, perceberam que José e Benjamim eram muito jovens e sem consequência na vida da família. Recusaram-se a compreender por que o pai os havia dado dotes. O pensamento distorcido dos mais velhos fez com que acusassem o pai de estar desorientado o que, na realidade, estava longe de ser verdade. Satanás fez seus pensamentos lhes parecerem justos e sua profunda desorientação lhes foi mostrada claramente quando falarem sobre matar José e imediatamente se arrependeram perante Deus por esse ato desprezível.
“Eis que (os irmãos de José) disseram (entre si): José e seu irmão (Benjamim) são mais queridos por nosso pai do que nós, apesar de sermos muitos. Certamente, nosso pai está (mentalmente) divagante! Matai, pois, José ou, então, desterrai-o; assim, o carinho de vosso pai se concentrará em vós e, depois disso, sereis virtuosos.” (Alcorão 12:8-9)
Um deles sentiu que era um erro e sugeriu que ao invés de matar José, o jogassem em um poço. Quando fosse encontrado por algum passante seria vendido como escravo, fazendo com que estivesse como morto para a família. Acreditaram, em sua cegueira, que a ausência de José o removeria dos pensamentos de seu pai. Os irmãos continuaram a tramar seu plano maléfico. Satanás brincava com eles, lançando dúvidas em suas mentes e sussurrando desorientação em seus ouvidos. Os irmãos terminaram a discussão satisfeitos e acreditando que tinham traçado um plano inteligente. Abordaram Jacó com um plano de levar José para o deserto com eles, com o pretexto de deixá-lo brincar e se divertir. O medo tomou conta do coração de Jacó.