O que é a Sunnah? (parte 1 de 2): Uma Revelação como o Alcorão

Por Equipe Editorial do Dr. Abdurrahman al-Muala (traduzido por islamtoday.com)

Descrição: Um breve artigo destacando o que constitui a Sunnah e seu papel na Lei Islâmica.  Parte Um: A definição de Sunnah, o que constitui e os tipos de revelação.

A Sunnah, de acordo com os estudiosos de hadith, é tudo que foi relatado a partir do Mensageiro, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, de suas afirmações, ações, aprovações tácitas, personalidade, descrição física ou biografia.  Não importa se a informação sendo relatada se refere a algo antes ou depois do início de sua missão profética.

Explicação dessa definição:

As afirmações do Profeta incluem tudo que o Profeta disse por várias razões em diferentes ocasiões.  Por exemplo, ele disse:

“Verdadeiramente as ações valem pelas intenções e toda pessoa receberá somente aquilo que intencionou.”

As ações do Profeta incluem tudo que o Profeta fez que nos foi relatado por seus Companheiros.  Inclui como ele fez abluções, realizou as orações e como fez a peregrinação.

As aprovações tácitas do Profeta incluem tudo que seus Companheiros disseram ou fizeram que ele demonstrou estar a favor, ou pelo menos não fez objeção.  Qualquer coisa que teve a aprovação tácita do Profeta é tão válida quanto algo que ele próprio disse ou fez.

Um exemplo é a aprovação que foi dada aos Companheiros quando usaram seu entendimento para decidir quando orar durante a Batalha de Bani Quraydhah.  O Mensageiro de Deus tinha lhes dito:

“Nenhum de vocês deve orar a oração da tarde até que chegue a Bani Quraydhah.”

Os Companheiros só chegaram a Bani Quraydhah depois do pôr do sol.  Alguns deles adotaram as palavras do Profeta literalmente e adiaram a oração da tarde, dizendo: “Não oraremos até chegarmos lá.” Outros entenderam que o Profeta só estava indicando a eles que deviam correr durante sua viagem. Então pararam e oraram a oração da tarde no horário.

O Profeta ficou sabendo do que os dois grupos tinham decidido, mas não criticou nenhum deles.

Com relação a personalidade do Profeta, incluiria a seguinte afirmação de Aisha (que Deus esteja satisfeito com ela):

“O Mensageiro de Deus nunca era indecente ou vulgar, nem era espalhafatoso. Nunca respondia com abusos aos abusos de outros. Ao contrário, era tolerante e perdoador.”

A descrição física do Profeta é encontrada em afirmações como a relatada por Anas (que Deus esteja satisfeito com ele):

“O Mensageiro de Deus não era exageradamente alto nem baixo. Não era excessivamente branco nem negro. Seu cabelo não era excessivamente encaracolado nem liso.”

A Relação entre a Sunnah e Revelação

A Sunnah é revelação de Deus a Seu Profeta (que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele).  Deus diz no Alcorão:

“… vos revelou no Livro, com sabedoria,…” (Alcorão 2:231)

A Sabedoria se refere a Sunnah.  O grande jurista al-Shafi disse: “Deus menciona o Livro, que é o Alcorão. Ouvi das pessoas que considero autoridades do Alcorão que a Sabedoria é a Sunnah do Mensageiro de Deus (que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele).” Deus diz:

De fato, Deus conferiu um grande favor aos crentes quando enviou um Mensageiro em seu meio, que recitasse para eles Seus sinais e os purificasse e instruísse no Livro e na Sabedoria.

É claro dos versículos precedentes que Deus revelou a Seu Profeta tanto o Alcorão quanto a Sunnah e que Ele o ordenou a transmitir ambos para as pessoas.  O hadith profético também atesta o fato que a Sunnah é revelação.  Está relatado de Mak’hul que o Mensageiro de Deus disse:

“Deus me deu o Alcorão e o que é semelhante a ele da Sabedoria.”

Al-Miqdam b. Ma’dee Karab relata que o Mensageiro de Deus disse:

“Me foi dado o Livro e algo semelhante a ele.”

Hisan b. Atiyyah relata que Gabriel costumava vir para o Profeta com a Sunnah da mesma maneira que vinha com o Alcorão.

Uma opinião do Profeta não era meramente seus próprios pensamentos ou deliberações sobre um assunto, era o que Deus revelou a ele.  Dessa forma, o Profeta era diferente de outras pessoas.  Era apoiado por revelação.  Quando exercício seu próprio raciocínio e estava correto Deus o confirmava, e se cometesse um erro em seu pensamento Deus o corrigia e o guiava para a verdade.

Por essa razão é relatado que o Califa Omar disse no púlpito: “Ó povo! As opiniões do Mensageiro de Deus estavam corretas porque Deus as revelava a ele. Quanto às nossas opiniões, não são nada além de pensamentos e conjecturas.”

A revelação que o Profeta recebeu foi de dois tipos:

A.    Revelação informativa: Deus o informava de algo através de revelação de uma forma ou outra como mencionado no seguinte versículo corânico:

“É inconcebível que Deus fale diretamente ao homem, a não ser por revelações, ou veladamente, ou por meio de um mensageiro, mediante o qual revela, com o Seu beneplácito, o que Lhe apraz; sabei que Ele é Prudente, Altíssimo.” (Alcorão 42:51)

Aisha relatou que al-Harith b. Hisham perguntou ao Profeta como a revelação chegava até ele e o Profeta respondeu:

“Às vezes o anjo vem para mim como o ressoar de um sino e é o mais difícil para mim. Joga seu peso sobre mim e memorizo o que ele diz. E às vezes o anjo vem para mim na forma de um homem, fala comigo e memorizo o que ele diz.”

Aisha disse:

“Eu o vi quando a revelação veio em um dia extremamente frio. Quando acabou, sua fronte estava cheia de suor.”

Às vezes ele era consultado sobre algo, mas permanecia em silêncio até a revelação chegar.  Por exemplo, os pagãos de Meca perguntaram a ele sobre a alma, mas o Profeta permaneceu em silêncio até que Deus revelou:

“Perguntar-te-ão sobre o Espírito. Responde-lhes: O Espírito está sob o comando do meu Senhor, e só vos tem sido concedida uma ínfima parte do saber.” (Alcorão 17:85)

Também foi consultado sobre como a herança devia ser dividida, mas não respondeu até que Gabriel revelou:

“Deus vos prescreve acerca da herança de vossos filhos…”  (Alcorão 4:11)

B.    Revelação afirmativa: Era quando o Profeta exercia seu próprio julgamento em uma questão.  Se a opinião dele fosse correta, a revelação vinha confirmando-a e se fosse incorreta a revelação vinha para corrigi-lo, como qualquer outra revelação informativa.  A única diferença aqui é que a revelação vinha como resultado de uma ação que o Profeta primeiro atuou por conta própria.

Nessas situações o Profeta usava seu próprio critério.  Se escolhesse o que era correto então Deus confirmava sua escolha através de revelação.  Se escolhesse o que estava errado Deus o corrigia para proteger a integridade da fé.  Deus nunca permitia que Seu Mensageiro transmitisse um erro às pessoas, porque faria seus seguidores incorrerem em erro também.  Isso se oporia a sabedoria por trás do envio de Mensageiros, que era fazer com que as pessoas não tivessem nenhum argumento contra Deus.  Dessa forma, o Mensageiro era protegido de incorrer em erro, porque se ele errasse a revelação o corrigia.

Os Companheiros do Profeta sabiam que a aprovação tácita do Profeta era na verdade a aprovação de Deus, porque se fizessem algo contrário ao Islã durante a vida do Profeta a revelação viria condenando o que fizeram.

Jabir disse: “Costumávamos praticar coitus interruptus[1] quando o Mensageiro de Deus estava vivo.”  Sufyan, um dos narradores desse hadith, comentou: “Se algo desse tipo fosse proibido, o Alcorão teria proibido.”

Partes deste Artigo

Share the Post: