O ESPÍRITO DE ADORAÇÃO NO ISLÃ (PARTE 3 DE 3): ZAKAT E HAJJ

  • Por Abul A`la Mawdudi (editado por IslamReligion.com)
  • Descrição: O espírito do Zakat (caridade obrigatória) e um vislumbre do Hajj.

  • Zakat

    A terceira obrigação é o zakat.  Todo muçulmano cuja condição financeira esteja acima de um mínimo especificado deve pagar anualmente 2,5% de seu saldo de caixa para alguém que mereça.  É o mínimo.  Quanto mais se paga, maior a recompensa que Deus concederá.

    O dinheiro que pagamos como zakat não é algo que Deus precise ou receba.  Ele está acima de qualquer desejo e necessidade.  Ele, em Sua misericórdia, nos promete recompensas multiplicadas se ajudarmos nossos irmãos.  Mas existe uma condição básica para ser recompensado.  E é: que quando pagamos em nome de Deus não esperemos nem exijamos ganhos mundanos dos beneficiários, nem tenhamos como objetivo fazer nossos nomes como filantropos.

    O Zakat é tão básico para o Islã quanto outras formas de adoração: salah (orações) e sawm (jejum).  A importância do zakat reside no fato de que cultiva em nós as qualidades de sacrifício e nos livra do egoísmo e da plutolatria.  O Islã aceita somente aqueles que estão prontos para doar no caminho de Deus, espontaneamente e sem qualquer ganho temporal ou pessoal, o que ganharam com sacrifício.  Não tem nada a ver com mesquinhos.  Um verdadeiro muçulmano, quando o chamado vier, sacrificará todos os seus pertences no caminho de Deus, porque o zakat já o treinou para esse sacrifício.

    Existem ganhos imensos para a sociedade na instituição do zakat.  É um dever de todo muçulmano abastado ajudar seu irmão pobre.  Sua fortuna não é para ser gasta somente em seu próprio conforto e luxo, uma vez que existem reivindicadores legítimos sobre sua riqueza, e eles são as viúvas e órfãos da nação; os pobres e os inválidos; e aqueles que têm habilidade, mas carecem dos meios para buscarem emprego; aqueles que têm as faculdades e brilhantismo, mas não o dinheiro com o qual poderiam adquirir conhecimento e se tornarem membros úteis da comunidade.  Aquele que não reconhece o direito desses membros de sua própria comunidade sobre sua riqueza é, de fato, cruel.  Porque não pode haver crueldade maior do que encher seus próprios cofres enquanto milhares morrem de fome ou sofrem as agonias do desemprego.  O Islã é um inimigo declarado desse egoísmo, ganância e cobiça.  Pessoas que não têm essas morais enraizadas, destituídas de sentimentos de amor universal, só sabem preservar riqueza e aumentá-la emprestando a juros.  Os ensinamentos do Islã são a antítese dessa atitude.  Aqui se compartilha da riqueza com outros, ajudando-os a andarem com suas próprias pernas e a se tornarem membros produtivos da sociedade.

    Hajj

    O Hajj, ou a peregrinação à Meca, é o quarto ato básico de adoração.  É obrigatório uma vez na vida somente para aqueles que dispõem de recursos.  Quando os muçulmanos empreendem a peregrinação, é exigido que suprimam suas paixões, se refreiem de derramamento de sangue e estejam puros em palavras e atos.  Deus promete recompensas pela sinceridade e submissão.

    O Hajj é, de certa forma, o maior de todos os atos de adoração.  Porque a menos que a pessoa realmente ame Deus, jamais empreenderia essa longa viagem, deixando pessoas próximas e queridas para trás.  Parece fácil agora com o surgimento de aviões e veículos, mas imagine no passado, quando os muçulmanos tinham que fazer uma jornada longa e árdua, enfrentando fadiga, fome e morte, muitas vezes levando mais de um ano!

    Essa peregrinação não é como qualquer outra jornada.  Aqui os pensamentos dos peregrinos estão concentrados em Deus, seus seres vibram com o espírito de intensa devoção.  Quando chegam aos lugares sagrados, encontram a atmosfera carregada de piedade e religiosidade; visitam lugares que testemunham a glória do Islã e tudo isso deixa uma impressão indelével em suas mentes, que carregam até seu último suspiro.

    Além disso, existem no Hajj, como em qualquer outro ato de adoração, muitos benefícios obtidos pelos muçulmanos.  Meca é o centro para o qual os muçulmanos devem convergir uma vez por ano e discutir tópicos de interesse comum.  O Hajj revigora a fé de que todos os muçulmanos são iguais e merecem o amor e simpatia independentemente de sua origem geográfica ou cultural.  Sendo assim, o Hajj une os muçulmanos do mundo todo em uma irmandade internacional.

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