PRINCÍPIOS DO AUTODESENVOLVIMENTO NO ISLÃ (PARTE 2 DE 3)

  • Por Syed Imtiaz Ahmad
  • Descrição: A perspectiva do Islã sobre o autodesenvolvimento.  Parte 2: O conceito de responsabilidade e autopurificação.

  • Purificação de corrupção

    PrinciplesSelfDevelopment2.jpgRegularmente lavamos nossas mãos antes de tocar alimentos, porque nossas mãos entram em contato com muitos objetos que podem coletar germes prejudiciais de outros que tocam os mesmos objetos.  Lavamos nossas roupas quando coletam suor e sujeira de nosso próprio corpo e nossos arredores.  Tomamos banho para manter nossos corpos limpos, para assegurar que estejam em boa saúde física.  O mesmo é verdadeiro para nossas mentes. Devemos trabalhar para nos assegurarmos de que permaneçam em boa saúde também! Muitas coisas com as quais entramos em contato podem corromper nossas mentes.  Podemos ver uma pessoa ficar satisfeita por atacar e humilhar outra.  Deixa uma impressão em nossas mentes e pode nos compelir a fazer o mesmo, mais tarde.  Vemos pessoas alcançarem o sucesso por meio de mentiras e trapaças e nossas mentes podem identificar isso como um comportamento aceitável, particularmente se esses trapaceiros e mentirosos estiverem sendo difundidos como modelos.  Uma criança pode passar por abuso por parte dos pais considerados respeitáveis na sociedade, e ser influenciada a se comportar dessa maneira disfuncional posteriormente na vida.

    A visão e a audição são indispensáveis para o aprendizado e desenvolvimento humanos.  Podem nos impulsionar a alturas inimagináveis de excelência humana.  Entretanto, devemos aprender a usá-los adequadamente.  De outra maneira o que vemos e ouvimos pode nos influenciar a regredir e viver uma existência sub-humana.

    Como nos purificamos das influências corruptoras ao nosso redor? Precisamos distinguir entre o que é desejável e indesejável à luz de certos princípios orientadores.  Podemos chamar de exercício da mente e, de maneira semelhante a outras formas de exercício, o exercício da mente requer uma abordagem bem balanceada.

    O processo de purificação da mente é conhecido no Islã como tazkiyyah.  Um pré-requisito para engajar em tazkiyyah é saber que a mente humana é inclinada a se corromper.  A corrupção pode ser atribuída a elementos adquiridos dentro de si mesmo, a influências externas, ou ambos.  Entretanto, a responsabilidade por qualquer comportamento indesejável é da pessoa que o comete e não da pessoa ou ambiente que o causou.  Todos assumimos responsabilidade direta por nossas ações.  O sistema legal nos fará responsáveis se desrespeitarmos a lei e Deus nos fará responsáveis se desafiarmos a orientação divina.  Não se pode usar a desculpa de que o demônio me fez fazer isso, ou meu patrão me fez fazer isso, e assim por diante.  Se formos pegos em alta velocidade na estrada, não podemos ser absolvidos simplesmente porque outros estavam correndo e não foram pegos.  Deus vê e ouve tudo.  Assim como as normas de velocidade têm a finalidade de nos salvar de ferir a nós mesmos e a outros, a orientação divina é para o nosso próprio benefício.  O conceito de responsabilidade pelas próprias ações é chamado de mas’uliyyah.  O sucesso na purificação da mente, alma ou psique requer reconhecimento de que o mundo pode poluir a mente, a alma pode se corromper via instigação e desejos podem conspirar para sobrepujar a mente e nos levar a caprichos e excentricidade.  Considere a afirmação a seguir do Alcorão:

    ” Porém, eu não me escuso, porquanto o ser é propenso ao mal…” (Alcorão 12:53)

    Todos nascem com uma alma pura, livre de corrupção ou impureza.  O instinto ou disposição natural de cada alma humana é fazer o que é certo.  À medida que se cresce, as mensagens prejudiciais por meio dos olhos, audição, toque, cheiro e outros sentidos afetam a pureza da alma humana.  Portanto, cada experiência humana deve ser investigada em relação às suas influências corruptoras em potencial.  Reformar essas influências corruptoras dentro da mente humana é o processo de purificação, ou tazkiyyah.  As afirmações a seguir do Alcorão iluminam esse conceito:

    “Pela alma e por Quem aperfeiçoou. E lhe imprimiu o discernimento entre o que é certo e o que é errado, Que será venturoso quem a purificar (a alma), E desventurado quem a corromper.” (Alcorão 91:7-10)

    “Ao contrário, quem tiver temido o comparecimento ante o seu Senhor e se tiver refreado em relação à luxúria, Terá o Paraíso por abrigo.” (Alcorão 79:40-41)

    Apesar dos melhores esforços que se pode fazer na purificação da mente, os desvios continuam possíveis.  Podemos cometer erros ou pecados.  O que acontece então?  Uma mente humana adequadamente treinada possui o que se chama de alma auto repreensiva (nafs-e-lawwama).  Reagirá por uma admissão de que algo saiu errado; aceitará a queda com humildade e engajará a mente para se reformar.  Por outro lado, alguém que tem uma alma obstinada (nafs-e-ammara) verá tais admissões como indignas e com o passar do tempo ficará mais inclinado a desvios maiores no futuro.  Um ato errado, se reconhecido com um comprometimento sério de evitar repetição, é um ato de autopurificação e desenvolvimento humano adequado.  E o contrário, um descaso irresponsável de tais ações, leva a mais corrupção da alma e a auto degeneração.

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